Novo Mineirão envergonha o Brasil logo em sua estreia

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Sem água, luz, lanchonetes fechadas. Banheiros empesteados. Foi assim que Belo Horizonte tratou os torcedores de Cruzeiro e Atlético na reabertura do Mineirão, o estádio de R$ 700 milhões. Que modernidade é essa? Imagine na Copa…

 

 


A cena foi emblemática.

O senador da República, Zezé Perrella, chega ao Mineirão.

Andando, esbaforido, suando muito debaixo do sol inclemente.

Com medo de perder o início do clássico, ele abandonou o carro.

Largou seu motorista na estúpida fila de automóveis e foi a pé ao estádio.

Outro cenário, cadeirantes desesperados.

Com o caro ingresso na mão sem ter acesso aos seus lugares.

Encontraram portões trancados e sem funcionário algum com a chave.

Voltaram para casa arrasados.

Do outro lado do estádio, cruzeirenses e atleticanos juntos no desespero.

Com muita sede.

Os bebedouros não tinham água.

O cheiro dos banheiros era nojento.

A água não existia, nem luz.

Muito menos higiene.

Atendendo aos apelos da mídia, os torcedores chegaram cedo ao estádio.

Os que atenderam, passaram fome.

Das 58 lanchonetes, apenas duas abriram.

E logo seus produtos acabaram.

Os poucos ambulantes se aproveitaram.

Cobraram preços abusivos.

Um mero refrigerante quente valia R$ 7,00.

Um copo d'água fervente, R$ 4,00.

A Polícia Militar separou as duas torcidas.

Mas fez vista grossa à invasão dos setores.

Muitos pagaram pouco e sentaram em lugares privilegiados.

Não respeitaram a localização da sua entrada.

"É de quem chega primeiro", repetiam.

Policiais não enxergaram o festim diabólico dos cambistas.

A confusa venda de ingressos foi oportuna para muitos ganharem dinheiro.

Zezé Perrella teve de andar porque houve um atraso na abertura dos estacionamentos.

Um atraso de duas horas!

A administração da Minas Arena deu um show de desorganização.

Era prometido que o padrão Fifa seria respeitado na reabertura do estádio.

Afinal, foram gastos R$ 700 milhões com o Mineirão.

Mas que padrão foi esse?

O de desrespeito à vida humana.

Torcedores foram tratados sem a menor consideração.

Para agradar a políticos, a reabertura do estádio foi feita antes do tempo.

O governador Antonio Anastasia queria dar uma demonstração de pujança.

Da força que realmente Minas Gerais tem.

E do que ela representa para o Brasil.

Mas se deixou levar pela afobação dos novos administradores do estádio.

O Brasil inteiro lamenta e repudia o que aconteceu no Mineirão.

A pressa que não levou a nada.

A intenção era mostrar o quanto Minas Gerais trabalhou bem.

Mas o que se conseguiu foi provocar vergonha alheia.

Até mesmo o presidente do Cruzeiro, Gilvan Tavares, desabafou.

"A chegada ao estádio virou um transtorno.

Vi vários torcedores deixando o carro longe e chegando caminhando.

Muitos conselheiros do Cruzeiro chegaram suados."

O senador da República Zezé Perrella entre eles.

Mas Gilvan falou pouco porque viu pouco.

Logo foi para a área VIP do Mineirão.

Tavares terá de agora em diante de mostrar ser dirigente.

Deixar o conforto e, no próximo jogo, ir para o local dos torcedores.

Sentir na pele o que o cruzeirense passa no Mineirão.

Só de ouvir dizer não adianta.

Precisa passar sede, usar banheiro empesteado…

Ter a sua cadeira ocupada por um torcedor que chegou antes…

Ver a frustração de um cadeirante voltando para casa sem ver o jogo e com ingresso na mão…

Ficar seis horas sem comer, com dinheiro no bolso.

E só encontrar lanchonetes fechadas.

Só assim ele poderá dizer que é o administrador do estádio.

A reabertura às pressas do Mineirão foi absurda.

Constrangeu o Brasil.

Não há o que se comemorar.

Nem o fato de o estádio ter duas torcidas.

As autoridades não fizeram mais do que sua obrigação.

A Polícia Militar recebe seu salário da população para fazer o quê?

Se não consegue separar dois grupos de torcedores, como Minas quer a Copa?

O governador Antonio Anastasia tem de tomar providências.

Ele caiu em uma armadilha política.

A reinauguração do Mineirão só o expôs, o desgastou.

E mostrou o quanto é mal assessorado.

Como o levaram para reinaugurar o Mineirão nessas condições?

R$ 700 milhões gastos para esse grande vexame logo na reabertura.

A administração da Arena Minas tem de se explicar.

O governador precisa exigir mais respeito pelos mineiros.

E não apenas se contentar em posar para fotos que serão usadas em campanhas eleitorais.

Sem água, luz, sem comida.

Banheiros empesteados.

Um pai chorando, desesperado, tentando comprar água para o filho.

Diante de policiais inertes.

Que modernidade é essa, Belo Horizonte?

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