Estudante de 21 anos contou que decidiu aguardar pelo casamento virgem.
‘Jovem que assume compromisso sofre preconceito’, diz pastor
Seguindo uma tendência nacional, cresce o número de jovens amazonenses aderindo aos movimentos religiosos, que pregam a castidade e o início da vida sexual somente após o casamento. Movimentos como ‘Eu Escolhi Esperar’ e o ‘Entre Príncipes e Princesas’ reúnem mais de 2 milhões de seguidores no país. Para buscar ensinamentos sobre o assunto, cerca de 1.500 pessoas participam do seminário com presença dos líderes dos dois movimentos nesta quarta-feira (1º), em uma igreja de Manaus.
Criado em Vitória no Espírito Santo no ano de 2011, o movimento ‘Eu Escolhi Esperar’ tem atraído adesão de jovens evangélicos e católicos pelo Brasil. Com o aumento de seguidores, segundo os organizadores, o movimento iniciou uma turnê que percorrerá todas as capitais do país. A iniciativa chegou a Manaus nesta quarta.
Na estimativa do pastor Nelson Júnior, líder e criador do ‘Eu Escolhi Esperar’, o movimento conta atualmente com 2 milhões de seguidores virtuais, que aderiram pela internet e 100 mil pessoas que já participaram dos seminários da causa pelo país. “São números reais, que são baseados no volume de 100 mil anéis personalizados com a frase ‘Eu Escolhi Esperar’ vendidos durante os seminários”, enfatizou Nelson Júnior.
De acordo com o pastor, o movimento trabalha com ensinamentos nas plataformas de vida sentimental e sexual. Ele afirmou que o sexo, atualmente, tornou-se sinônimo de promiscuidade. “Na vida sexual orientamos os jovens a se guardarem sexualmente para o casamento. Sexo também é puro, mas quando o jovem assume o compromisso de se resguardar para o casamento ele sofre preconceito. A virgindade virou um tabu. Quando pessoa assume que é virgem acaba sofrendo com a opinião dos outros. Por isso, fazemos esses encontros e seminários para mostrar ao jovem a existência de milhares de pessoas que se guardam, que ele não está sozinho. Já na sentimental, ensinamos os jovens a não banalizar o relacionamento, evitando ter vários casos de amor na vida”, explicou.
O pastor Nelson Júnior, que casou virgem aos 21 anos, destacou que o movimento foi idealizado pelas vivências pessoais dele. Com bom humor, o religioso prega a importância de aguardar pelo casamento virgem.
“Eu escolhi esperar. Sei como foi ser um jovem virgem. Passei por esses conflitos todos e por esse motivo criei o projeto para ajudar as pessoas que fazem a mesma escolha. Contrariei as estatísticas ao casar virgem. Tenho 15 anos de casado e não me arrependo da decisão”, avaliou o líder religioso.
O movimento, que surgiu na internet, fará primeira turnê internacional neste mês. A caravana passará por cinco cidades dos Estados Unidos, Haiti, Irlanda e Inglaterra, além de fazer seminários pela Europa (Portugal e Espanha).
Mesmo diante do preconceito e estranhamento de colegas, a estudante de medicina Rayssa Magalhães, de 21 anos, decidiu aguardar pelo casamento virgem. Há um ano e meio, ela namora o administrador Leon Esconsio, de 23 anos, e defende a castidade.
“As pessoas comentam muito e estranham, inclusive ganhei vários apelidos na faculdade por isso. Eu não faço questão de esconder que resolvi esperar pelo casamento. Não me envergonho disso, acho que até é uma forma de incentivar as outras pessoas a preservarem a virgindade”, comentou a jovem.
Para o administrador, o movimento ‘Eu Escolhi Esperar’, na verdade, é uma divulgação dos ensinamentos de Jesus, presentes na Bíblia há tempos. “Eu tive oportunidade de nascer em um lar cristão e desde pequeno recebi esses ensinamentos. Apesar de ter perdido minha virgindade quando estive afastado do ‘caminho de Jesus’, acredito na restauração através da ‘palavra’ e me preservo na questão do sexo para viver isso na relação que Deus escolheu para mim. Não queremos ser diferentes; apenas pretendemos seguir um caminho certo”, justificou Leon.
Situação semelhante vivencia a estudante Tayana Garcez, de18 anos, e o vistoriador Anxester Rodrigues, de 24. Junto há cinco meses, o casal segue o princípio do movimento de começar a vida sexual somente após o casamento. “Conheci pela internet o ‘Eu Escolhi Esperar’. Resolvi aderir, motivada pelo ensinamento de Deus para escolher a pessoa certa”, comentou Tayana.
‘Entre Príncipes e Princesas’
Acompanhado o movimento nacional, o ‘Entre Príncipes e Princesas’ inicialmente contava apenas com um grupo de meninas da obra missionária Missão Confins na Terra. Aos poucos, ganhou adesão dos meninos e desde final de 2011, reúne cerca de 2 mil jovens que aderiram ao movimento regional. A expectativa é que o movimento se estenda no segundo semestre de 2013 para os estados de São Paulo, Acre e Minas Gerais.
“Pregamos o relacionamento saudável com namorado e família dentro dos princípios bíblicos. A nossa preocupação também é social, porque quando a pessoa se relaciona bem, evita problemas de saúde e emocionais, que podem gerar doenças. Usamos a palavra castidade antes do casamento, porque é um presente de Deus, que deve ser vivido com a pessoa que vai estar ao seu lado pelo resto da vida”, ressaltou Marjorie Leite, missionária e idealizadora do movimento regional.