Os problemas ocasionados pelo fechamento do frigorífico da JBS/Friboi em São José dos Quatro Marcos (315 km de Cuiabá) foram debatidos, nessa terça-feira (14), em audiência pública promovida pela Prefeitura do município.
Durante a reunião, a JBS voltou a apontar a falta de matéria-prima como motivo para o encerramento das atividades no município. Segundo ela, os frigoríficos têm trabalhado no estado com 30% de sua capacidade ociosa já há algum tempo.
A empresa disse que o funcionamento da unidade pode ser retomado quando a quantidade de bovinos para o abate voltar a crescer, mas não estabeleceu uma data para isso. Por fim, afirmou que a posição da empresa será apresentada no próximo dia 30, em audiências judiciais ligadas às Ações Civis Públicas que tramitam na Vara de Mirassol D´Oeste.
Para o procurador-chefe do MPT em Mato Grosso, Fabrício Oliveira, a audiência foi importantíssima para se estabelecer um diálogo direto com os principais atingidos, que são os trabalhadores. “Infelizmente essa negociação prévia não existiu, mas o MPT se abre ao diálogo e vai sim exigir as reparações devidas”, disse.
O prefeito de São José dos Quatro Marcos, Carlos Bianchi, destacou a importância da empresa para o município e sugeriu a realização de estudos para viabilizar o funcionamento do frigorífico novamente. Sugeriu, inclusive, alterações no modelo da planta, que hoje é somente para abate, para que ela possa agregar valor aos produtos, compensando a queda de matéria-prima.
Dados apresentados pelo município na audiência indicam que com o encerramento das atividades da JBS aproximadamente 2 milhões de reais deixarão de circular todos os meses na cidade. Somente nos cofres da Prefeitura não mais irão entrar 300 mil reais, ou 15% do total arrecadado em tributos.
Crise no mercado
Nesta terça-feira (14), JBS/Friboi anunciou o fechamento de mais uma unidade. A empresa suspendeu temporariamente as atividades de sua unidade de Matupá (695 Km ao norte de Cuiabá) que empregava 200 pessoas. É a terceira planta da empresa fechada este ano em 3 municípios mato-grossenses. Outras 11 unidades do grupo continuam em operação do Estado.
Nos últimos dias a Minerva Foods também anunciou o fechamento da planta de Mirassol D´Oeste (300 Km a oeste da Capital) e a demissão dos 701 funcionários da unidade. No mês passado, o Frialto, em Sinop (500 km ao Norte da Capital) também paralisou as atividades e concedeu férias coletivas para os funcionários, cerca de 600 pessoas. A empresa enfrentou uma crise financeira e pediu recuperação judicial em 2010. A dívida estava estimada em R$ 564 milhões.
Empresários do setor bem como sindicalistas afirmam que a diminuição na oferta de bovinos para o abate em Mato Grosso eleva a ociosidade dos frigoríficos e dessa forma chega um momento em que é preciso reduzir custos o que resulta em fechamento de unidades e redução de postos de trabalho. Reclamam ainda que parte do gado criado em Mato Grosso está sendo comprado e levados para abate em outros estados já que o imposto cobrado em Mato Grosso é de 7% enquanto em outras localidades é 12%. (Com Assessoria)