MPF dá parecer contra liberdade de ex-secretário condenado

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O subprocurador-geral da República, Edson Oliveira de Almeida, formulou parecer em que opina pelo retorno do ex-secretário de Estado Eder Moraes à prisão. O parecer foi juntado no habeas corpus que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), de autoria da defesa de Eder Moraes, após ele ter sido preso, no dia 1º de abril, durante a 7ª fase da Operação Ararath.

 

Em caráter liminar (provisório), o ministro Dias Toffoli concedeu a liberdade ao ex-secretário, em agosto. Agora, o mérito do pedido será julgado pela 2ª Turma do STF, composta também pelos ministros Celso de Melo, Gilmar Mendes, Carmem Lúcia e Teori Zavascki. O julgamento ainda não tem previsão para entrar em pauta.

 

A constrição da liberdade do paciente harmoniza-se com a jurisprudência deste Supremo Tribunal no sentido de a periculosidade do agente, evidenciada pelo modus operandi e pelo risco de reiteração delitiva, ser motivo idôneo para a custódia cautelar

Em sua manifestação, o subprocurador do MPF afirma que Eder, durante o curso das ações penais oriundas da Operação Ararath, continuou movimentando e ocultando bens e valores em nome de terceiros, o que, segundo ele, demonstra a necessidade da permanência da prisão cautelar, além de não existir ilegalidade a reparar.

 

“Consideradas as circunstâncias do ato praticado e pelos fundamentos apresentados pelo juízo de origem, mantidos nas instâncias antecedentes, a constrição da liberdade do Paciente harmoniza-se com a jurisprudência deste Supremo Tribunal no sentido de a periculosidade do agente, evidenciada pelo modus operandi e pelo risco de reiteração delitiva, ser motivo idôneo para a custódia cautelar”, afirmou o subprocurador-geral.

 

Caso a maioria dos ministros opinem por negar o pedido, o ex-secretário voltará à prisão.

 

Liminar do STF

 

Eder foi preso preventivamente por suspeita de ter movimentado bens em nome de “laranjas” para burlar decisão judicial.

 

Após quatro meses no Centro de Custódia da Capital, ele conseguiu decisão liminar do ministro Dias Toffoli, que substituiu sua prisão por três medidas cautelares como requisitos para o político ser mantido em liberdade: o uso de tornozeleira eletrônica, a proibição de sair de casa das 19h às 6h (que já foi revogada) e a vedação de manter contato com os demais réus das ações penais da Ararath (com exceção de sua esposa, Laura Tereza Dias).

 

Ao julgar o pedido contido em habeas corpus, Toffoli explicou que o principal argumento do juiz Jeferson Schneider para justificar a prisão preventiva de Eder Moraes foi a garantia da ordem pública, em razão da “gravidade e complexidade” dos crimes supostamente praticados pelo ex-secretário, assim como o papel de destaque do mesmo no alegado esquema.

 

Porém, segundo o ministro, este fundamento já havia sido afastado pela 1ª Turma do STF, no ano passado, quando Eder Moraes foi liberado da prisão decretada na 5ª fase da operação.

 

Toffoli também rebateu o argumento do juiz Jeferson Schneider, que defendeu a necessidade da prisão pelo fato de Eder Moraes ter transferido um imóvel ao próprio filho e vendido dois automóveis, mesmo com decisão que o impedia de movimentar tais bens.

 

 Para o ministro do STF, o bloqueio de bens e a imposição de medidas cautelares já garantiam o resguardo da ordem pública e a aplicação da lei.

 

Habeas corpus

 

No habeas corpus ingressado junto ao STF, a defesa alegou que ambas as transações que motivaram a prisão (negociação de veículos e transferência da casa de Eder ao seu filho) ocorreram de forma legal, uma vez que teriam sido feitas antes da decisão que determinou o bloqueio de bens do ex-secretário.

 

Desta forma, os advogados alegaram que a prisão de Eder Moraes foi ilegal, pois além de os bens serem declarados, o ex-secretário teria contado ao juiz sobre as transações, em interrogatório ocorrido no dia 26 de março deste ano.

 

Acusações

 

Eder Moraes foi preso pela Polícia Federal em sua residência, no Condomínio Florais, em Cuiabá, durante a sétima fase da Operação Ararath.

 

A PF suspeita que ele tenha movimentado bens móveis e imóveis em nome de “laranjas”, com o intuito de ocultar a real propriedade e impedir o cumprimento de decisão judicial de sequestro e arresto de bens.

 

A prisão foi decretada na noite de 31 de março pelo juiz Jefferson Schneider, da 5ª Vara Federal de Mato Grosso.

 

Segundo o delegado Marco Aurélio Faveri, da Polícia Federal, o ex-secretário estaria a utilizar “laranjas”, parentes e membros da família Piran para movimentar seu patrimônio e até pagar contas pessoais.

 

O delegado explicou que Eder teve bens bloqueados judicialmente, e que se utilizava desta estratégia para tentar não ser atingido. Segundo Marco Aurélio, somadas as ordens judiciais, “Eder deverá ter que devolver cerca de R$ 100 milhões”.

 

Condenado à prisão

 

 Na última sexta-feira (13), o juiz Jeferson Schneider, da 5ª Vara da Justiça Federal em Mato Grosso, condenou Eder Moraes a 69 anos e três meses de reclusão, em regime fechado, por lavagem de dinheiro, falsificação de documentos públicos e outras práticas delituosas, em esquemas relacionados à Operação Ararath.

 

O ex-secretário de Fazenda, Secopa e Casa Civil, nos governos de Blairo Maggi (PR) e Silval Barbosa (PMDB), também foi condenado a pagar uma indenização, pelos crimes descritos, no valor de R$ 1.335.500,00.

 

Além disso, Eder também terá que pagar, junto com o ex-superintendente do Bic Banco, Luiz Carlos Cuzziol, indenização de mais R$ 12 milhões.

 

O valor é correspondente, segundo o juiz, ao valor total captado e intermediado nos esquemas de lavagem de dinheiro por meio de factorings de fachada e várias empresas.

 

A defesa do ex-secretário de Estado afirmou que irá recorrer da decisão.

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