Por pertencer ao grupo de escolas mais afastadas do centro do Rio de Janeiro, a Mocidade Independente de Padre Miguel perde a visita de turistas, mas ganha em quantidade de pessoas que vivem a escola o ano todo. Assim, ao pisar no sambódromo este ano, a agremiação trará um espelho verdadeiro do seu dia-a-dia. De acordo com o presidente Paulo Vianna, 19 das 41 alas são apenas com pessoas da comunidade de Padre Miguel e entorno, na zona oeste do Rio de Janeiro.
– A escola dá a fantasia por um valor popular, R$ 25, para ajudar a Estrelinha e nos trabalhos sociais da agremiação.
A Estrelinha é a escola mirim, filha da verde e branco, na qual participam 1.500 crianças, segundo Vianna.
– A criança tem que estar matriculada em alguma escola, apresentar os certificados escolares e que passou de ano.
A agremiação mirim reforça o laço da Mocidade com o bairro de Padre Miguel, além de renovar o seu público. Vianna conta que 50 % dos componentes da bateria saíram da Estrelinha, assim como diversos membros da ala de compositores.
O carnavalesco da escola-mãe, Cid Carvalho, afirma que o coração da Mocidade não envelhece.
– É um público muito fiel, não tem torcida igual. Os foliões se renovam, e o que mais emociona é ver jovens cantando sambas antigos com lágrimas nos olhos.
Na sexta-feira de Carnaval (4), a Estrelinha reeditará o enredo O Grande Circo Místico, que a Mocidade levou para a Sapucaí em 2002. Andressa Regina, de oito anos, é uma das passistas mirins, que sonha em ser rainha de bateria da verde e branco. Sua mãe, Alessandra Regina Costa Silva explica que Carnaval é assunto de família.
– Andressa viu uma passista sambar e me pediu para aprender, o pai é da harmonia e o irmão é da bateria da Padre Miguel. O Carnaval uniu ainda mais a nossa família.
A Mocidade desfilará com o enredo Parábola dos Divinos Semeadores, após as 23h, na segunda-feira de Carnaval, 7 de março.