O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, chegou esta
manhã a Poconé (MT), a cerca de 100 quilômetros de Cuiabá. Salles vai
inspecionar algumas das áreas afetadas pelos incêndios que há meses consomem a
vegetação em diferentes regiões do estado, sobretudo no Pantanal.
Em pouco mais de um mês, é a segunda vez que o ministro
visita a região para checar as ações de combate ao fogo e a real dimensão dos
estragos que o fogo vem causando à flora e a fauna locais. Em 18 de agosto,
Salles sobrevoou, na companhia do governador do estado, Mauro Mendes, áreas
próximas ao Parque Estadual Encontro das Águas, em Poconé. Na ocasião, o
ministro prometeu disponibilizar “tudo o que fosse necessário para conter os
incêndios”.
Segundo a secretária do Meio Ambiente de Poconé, Danielle
Assis, mais de 50% do parque estadual de 108 mil hectares foram atingidos pelas
chamas. Cada hectare corresponde aproximadamente às medidas de um campo de
futebol oficial. Já organizações não governamentais, como o Instituto Centro da
Vida, calculam que cerca de 85% da unidade de conservação estadual foram
afetados.
“As chamas, hoje, já estão bem mais reduzidas, devido às
chuvas dos últimos dias. Só que essas chuvas são extemporâneas [ocasionais]. A
temperatura já voltou a subir e tememos que os focos [de incêndios] ressurjam”,
declarou a secretária à Agência Brasil.
Danielle disse que só em Poconé foram queimados mais de 300
mil hectares. Para ela, a situação reforça a necessidade de um plano integrado
de combate aos incêndios.
“Infelizmente, este ano, só nos resta continuar combatendo
os incêndios, mas, para o futuro, precisamos planejar. Já iniciamos uma
conversa com o Corpo de Bombeiros e, até o fim do ano, implantaremos uma base
fixa do Corpo de Bombeiros. Assim, conseguiremos iniciar o combate aos focos
tão logo eles sejam detectados, logo no início, evitando que eles tomem tamanha
proporção”, acrescentou a secretária, revelando que mais de 200 profissionais
continuam atuando na região.
A secretária de Meio Ambiente de Poconé também destacou a
importância de se pensar legislações específicas para o Pantanal, uma das
propostas iniciais da comissão temporária externa que o Senado
instalou na semana passada para acompanhar as ações de enfrentamento aos
incêndios no Pantanal. Formada por quatro titulares e quatro suplentes, a
comissão visitou Mato Grosso no último sábado (19).
Ao fim da visita, o presidente da comissão, senador
Wellington Fagundes (PL-MT), classificou o cenário ao longo do percurso entre
Cuiabá e Poconé como “devastador e desolador”. “Hoje a situação do Pantanal é
um estado de guerra. Brigadistas e voluntários estão trabalhando de forma
sobre-humana por causa da falta de planejamento. Não nos calçamos através da
ciência e da tecnologia para isso”, acrescentou Fagundes. Os senadores que
integram a comissão defendem a criação do chamado Estatuto do Pantanal, uma
legislação federal específica para o bioma Pantanal.
Segundo a secretária, nenhum representante da prefeitura foi
convidado a acompanhar a comitiva ministerial.
Força Nacional
Nesta quarta-feira (23), o Ministério da Justiça e Segurança
Pública autorizou o envio de agentes da Força Nacional para auxiliar
no combate aos incêndios em todo o estado – e não exclusivamente no Pantanal
mato-grossense. Além do efetivo, o ministério também autorizou o envio de dez
viaturas, dois micro-ônibus e um helicóptero para o estado, que solicitou o
apoio federal na segunda-feira (21). A previsão é que os agentes cheguem ao
estado esta tarde.
Agência Brasil