Venceu por 2 a 0 em pleno Morumbi. Juvenal Juvêncio sabe o que fazer para acabar com a agonia. Contratar Muricy Ramalho…
E recomeçar.
Não há outro jeito.”
As frases são de Luís Fabiano.
O São Paulo acaba de ser derrotado pelo Santos no Morumbi.
Perdeu por 2 a 0 de um time improvisado, em plena reformulação.
Outra vez das arquibancadas os torcedores imploraram por Muricy.
Na verdade, a saudade que aperta é de quando havia uma filosofia.
A equipe tinha um comprometimento com o treinador.
Mesmo sem grandes malabarismos táticos, Muricy funcionava.
Arrancava engajamento, participação, luta dos jogadores.
Desde sua saída, o São Paulo perdeu a alma.
Não houve completa sinergia entre atletas, técnico, torcida.
O clássico hoje foi uma reedição da derrota contra o Corinthians.
O São Paulo tem bons jogadores individualmente.
Principalmente Jadson, Luís Fabiano e Osvaldo.
Mas ficou claro de novo o quanto Ganso prejudica o time.
Ele ocupa uma posição fundamental.
Milton Cruz, olhos e ouvidos de Juvenal, não poderia deixá-lo de fora.
O jogador de R$ 24 milhões se contentou em dar passes laterais.
Não armou, não marcou, não ditou ritmo, não conduziu a equipe.
Não lançou, não chutou para o gol.
Enfim, foi um peso inexplicavelmente morto.
Médicos, preparadores, fisiologistas, fisioterapeutas.
Todos garantem que não há problema físico algum.
A impressão que salta aos olhos é que ele precisa acordar.
Alguém para gritar nos seus ouvidos, mostrar sua importância.
Mistura lentidão, toques de lado e falta de combatividade.
Mesmo assim, no primeiro tempo, o São Paulo teve chance de marcar.
Luís Fabiano joga sempre no limite da linha do impedimento.
Como a zaga santista atua de forma perigosa em linha, teve duas chances.
Mas falhou na hora mais importante.
Se deixou abafar por Aranha, novo titular com a venda de Rafael para a Itália.
O Santos de Claudinei Oliveira tem um grande mérito.
É das equipes que mais atuam de forma compacta no Brasil.
Principalmente sem a bola, o time se entrega de forma humilde.
Sem vaidade, todos marcam.
Até mesmo a estrela do time, Montillo.
É uma equipe que está sendo reformulada.
E que abusa do poder de marcação e dos contragolpes.
Descobriu uma maneira segura de jogar.
Com seus laterais presos, com volantes firmes.
Só busca o ataque quando há a certeza de cobertura.
Depois do primeiro tempo empatado, veio a coragem.
A certeza de que era possível vencer o travado São Paulo.
Na etapa final, Cladinei tirou Willian José, em mais uma péssima partida.
Colocou no seu lugar o prata da casa, Giva.
E, com muita estrela, o atacante logo marcou seu gol.
Montillo cruzou na cabeça do garoto, que estava livre na área.
Lúcio e Rhodolfo estavam mal colocados.
A cabeçada saiu sem chances para Rogério Ceni.
Santos 1 a 0, aos 12 minutos.
Com 20 anos, Giva tem idade para ser filho do goleiro quarentão do São Paulo.
Perdendo, a torcida tricolor passou a xingar Juvenal.
E pedir Muricy Ramalho.
Os jogadores de Milton Cruz ficaram intimidados.
É uma equipe sem personalidade.
Melhor para o Santos, que tocava a bola para gastar o tempo.
Queria vencer.
Mas o adversário dava espaço para marcar outro gol.
E ele veio.
Emerson cruzou com capricho.
A bola foi na cabeça de Cícero, também livre.
Ele tocou com raiva, longe de Rogério Ceni.
Aos 36 minutos, a partida estava liquidada.
Só deu tempo para a torcida do São Paulo mostrar sua revolta.
Gritar olé a favor do adversário, xingar Juvenal Juvêncio.
E, de novo, implorar pela contratação de Muricy Ramalho.
O Santos venceu bem o clássico.
Terá mais paz para tocar a sua reformulação.
Nesta semana a diretoria espera anunciar Robinho.
Enquanto está dividida se mantém Claudinei no cargo ou não.
Do outro lado, Juvenal sabe o que fazer se quiser um pouco de paz.
Conselheiros e companheiros de diretoria se juntaram aos torcedores.
E estão insistindo na volta de Muricy Ramalho.
O velho presidente está encurralado
Pela primeira vez sente que precisa fazer o que outros desejam.
Tudo para não complicar ainda mais a vida do São Paulo.
O clube que diz amar.
E está mergulhado em uma profunda crise.
Pior, não para de desperdiçar tempo e campeonatos.
Os próprios companheiros de diretoria se voltam contra Juvenal.
Parece o senado romano articulando contra Júlio César.