Com estilo light, governador Silval Barbosa evita embate com o funcionalismo e aciona PGE para brigar na Justiça
Há um ano e cinco meses na cadeira de governador, o peemedebista Silval Barbosa resolveu recorrer ao Judiciário na tentativa de contornar, sem o confronto direto, o impasse com os profissionais da Educação, em greve desde 6 deste mês. Por determinação do Tribunal de Justiça, professores e demais funcionários se vêm obrigados a retornar às atividades nas escolas sob pena de corte nos salários. Com a decisão, Silval evita dissabores de ter que dizer não aos funcionários da pasta que detém a maior estrutura das 24 que compõem a estrutura da máquina.
Para se ter uma ideia, a Educação, conduzida pela petista Rosa Neide, “abocanha” R$ 1,3 bilhão dos R$ 11 bilhões de despesas previstas para este ano. A Saúde tem o segundo maior orçamento, de R$ 925 milhões. Por contar a maior estrutura do Estado, o gerenciamento da Educação é considerado um “termômetro” do relacionamento do governo com o funcionalismo. A folha de pagamento consome 87% do orçamento da pasta. Este é, inclusive, um dos argumentos do governo para não ceder às pressões dos professores.
Liderados pelo sindicalista Gilmar Soares Ferreira, presidente do Sintep-MT, a categoria reivindica reajuste salarial de 15%, com elevação do piso para R$ 1.312,00. Enquanto isso, o governo, representado pelo secretário-chefe da Casa Civil José Lacerda, apresentou contraproposta de recomposição imediata de 10% e outros 5% em dezembro. A categoria não cedeu. Mesmo sob risco de ter salários cortados, mantém a greve.
Diante da possibilidade de ter a imagem arranhada pelo impasse, responsável por deixar mais de 445 mil estudantes sem aulas, Silval preferiu conservar o estilo “conciliador” da atual gestão e recorreu ao procurador-geral do Estado, Jenz Prochnow Júnior, que acionou o TJ com o argumento de que a greve é ilegal. O desembargador José Tadeu Cury acatou o pedido e, na decisão, determinou o prazo de 72 horas para os profissionais retornarem ao trabalho. Se não o fizer deve ser multado diariamente em R$ 50 mil, enquanto os servidores passarão a ter subsídios cortados conforme a quantidade de faltas.
Apesar das discussões travadas por representantes do sindicato e da Seduc quanto à data em que começa a vigorar o prazo estipulado pelo TJ, o clima de disputa com os servidores parece não respingar sobre a cúpula do governo. Silval opta pelo silêncio. Quando necessário, aciona seu secretariado para reagir. Alguns do primeiro escalão, por outro lado, evitam exposição pública neste momento de crise motivado por greves em alguns setores da administração. Nesta segunda (27), por exemplo, o democrata Zé Domingos Fraga conseguiu contornar a greve de oito dias dos servidores da Empaer sem se expor, apesar de chegar a ter a exoneração exigida pelos profissionais da empresa vinculada à secretaria de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar. A mesma postura já havia sido adotada pelo secretário de Meio Ambiente, coronel PM Alexander Maia, que conseguiu superar o indicativo de greve dos servidores da pasta.