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A cela número 9 do Centro Socioeducativo de Cuiabá (Pomeri) onde o adolescente Igor Rafael Mendes dos Santos, 17, foi morto com vários golpes de chuços nesta segunda-feira (6), era dividida por 5 menores infratores, todos transferidos de Sinop (500 Km de Cuiabá) há pouco mais de 1 mês. Na ocorrência, registrada nesta tarde, 2 internos entraram e fizeram uma espécie de “emboscada” convidando os outros 3 para entrar e conversar. Os dois que entraram na cela foram amarrados com lençol e tiveram as bocas tampadas para que não gritassem. Em seguida foram alvos dos golpes das armas artesanais.
Dos 5 que dividiam o espaço, apenas 1 não entrou na cela, mas há informações de que ele agora está “jurado”. O presidente do Sindicato dos Profissionais do Sistema Socioeducativo, Paulo César de Souza, disse que a cela tem espaço para apenas 2 internos, mas estava abrigando os 5 transferidos de Sinop. “Não tem espaço, está apertado, não tem como separar eles. Estão todos amontados”. No bloco 1, local do homicídio, estão internados 32 adolescentes. Ainda não se sabe se já existia alguma rixa entre eles.
O crime aconteceu no começo da tarde no horário das atividades, porém, não foi no pátio do Pomeri e sim dentro da cela. De acordo com Paulo César, quando as duas vítimas entraram e chamaram foram feitas reféns e amarradas. Cada um dos agressores usou um chuço para desferir golpes contra Igor que morreu ainda no local. Depois começaram agredir A.O. S., 16 que conseguiu gritar e chamar atenção dos agentes socieducadores.
Quando ele foi socorrido, estava com um chuço cravado em uma das mãos. Segundo o sindicalistas, os 5 menores foram transferidos de Sinop porque quebraram tudo por lá. “Espero que esse evento não puxe outro porque geralmetne quando acontece uma coisa dessa, costuma desencadear em outras situações”, alerta o presidente do Socieducativo. “Já alertamos a Secretaria sobre isso, não foi por falta de aviso que isso aconteceu”, pontua.
O sindicalista denuncia que “quem está na direção não conhece o sistema e dá nisso, pessoas que não entendem e não sabem como funcionda. A Sejudh insiste em colocar pessoas que não entendem e lá na frente vão querer culpar os servidores. Estou só aguardando para ver o que eles vão fazer”, destaca o Paulo César.
Greve – Os servidores deflagraram greve no dia 23 de setembro reivindicando melhorias nas condições de trabalho, na infraestrutura das unidades e retomada de cargo. Após algumas rodadas de conversa, o sindicato suspendeu a greve no dia 30 de setembro para negociar com a Sejudh. Na última sexta-feira (3) ocorreu uma reunião com entre o sindicato e a secretaria com a participação do Ministério Público, Ordem dos Advogados do Brasil, Defensoria Pública.
Alguns compromissos foram firmados com assinatura em ata e dessa forma uma assembleia-geral entre a categoria será realizada nesta terça-feira (7) às 8h para deliberar sobre o encerramento da greve.
Outro lado – A Sejudh foi procurada e enviou nota dizendo que o menor A se encontra em observação no Pronto-Socorro de Cuiabá. Disse que ambos os adolescentes foram condenados por roubo a mão armada com lesão corporal grave. A Sejudh não relatou na nota nenhuma informação sobre os outros 2 menores que, segundo o presidente do sindicato dos socieducadores, estão envolvidos no crime sendo responsáveis pela morte e pela tentativa de homicício. “As causas que levaram os dois adolescentes a se agredirem serão investigadas”, diz o comunicado.
