Mauro Mendes, derrotado a prefeito de Cuiabá e a governador, vive expectativa da cassação do governador Silval
O empresário Mauro Mendes estava decidido a deixar o PSB para construir novo grupo político em outra sigla e, assim, concorrer novamente à Prefeitura de Cuiabá no próximo ano ou guardar munição para encarar a sucessão estadual. Mas, uma outra situação o fez recuar. O empresário e segundo colocado nas urnas tanto para prefeito, em 2008, quando para governador, no ano passado, acredita que a Justiça Eleitoral vá cassar o reeleito Silval Barbosa (PMDB) no caso do processo por abuso de poder econômico e político acerca de uso da estrutura da Empaer nas eleições, o que provocaria eleição suplementar e, tendo mudado de legenda, enfrentaria embaraços jurídicos na hora de pedir registro para uma eventual nova candidatura. Isso é deixa temeroso.
Mesmo enfrentando conflitos com o presidente estadual do PSB, deputado Valtenir Pereira, Mendes optou por seguir filiado. Não mudará de legenda ao menos até setembro deste ano. Até lá, o Tribunal Regional Eleitoral vai se manifestar quanto à denúncia formulada pela própria coligação de Mendes contra o governador. Trata-se do processo que mais tem deixado o Palácio Paiaguás preocupado. Silval foi acusado de usar a Empaer, uma das autarquias da máquina estatal, para cooptar eleitores. No processo estão anexados fotos, documentos e gravação em vídeo de uma reunião política convocada pelo comando da empresa junto aos servidores. Muitos se deslocaram a Cuiabá para o encontro, em um dos comitês da campanha de Silval, e supostamente tiveram diárias pagas pelo erário.
Mesmo não sendo parte autora, o Ministério Público, tido como fiscal da lei, ingressou com agravo regimental, pedindo juntada de novas provas no processo cujo julgamento, pelo Pleno do Tribunal Regional Eleitoral, está empatado em 3 a 3. Caberá ao presidente, desembargador Rui Ramos, o voto minerva. Juristas consideram que a decisão de Rui seria uma prévia do mérito. Se o Tribunal aceitar inclusão de novas provas para comprovação do conteúdo comprobatório, cresceria o risco de Silval ser cassado.
Como os votos que garantiram a reeleição do peemedebista superaram a barreira dos 50%, em caso de cassação, haverá um novo pleito. O temor de Mendes, nesse caso, é de mudar de sigla e, por conta das regras eleitorais que exigem ao menos um ano de filiação, ficar impedido de entrar na disputa. Na dúvida, preferiu "segurar" sua permanência no PSB. Mendes tem sido "assediado" por algumas legendas, entre elas o PDT, o futuro PSD e o PPS. Enquanto ele foca o Palácio Paiaguás, torcendo pela cassação de Silval, outros grupos se organizam, com as atenções voltadas principalmente para a Prefeitura de Cuiabá.