O ex-deputado estadual Maksuês Leite, que é réu em processo criminal por desvio de dinheiro público, foi denunciado em mais duas ações civis públicas pelo Ministério Público Estadual (MPE). Ele confessou aos promotores, depois que foi descoberto pelas investigações da Operação Aprendiz, que emitiu mais de R$ 3,3 milhões em notas fiscais sem que houvesse a efetiva prestação dos serviços, para a Assembleia Legislativa e para a Câmara Municipal de Cuiabá.
Deste valor, ele teria ficado com 25% das notas emitidas para o Legislativo Estadual, devolvendo os 75% restante, e com 35% dos supostos serviços prestados à Câmara. Em depoimento, prestado ao lado de seu advogado, o ex-parlamentar contou como se dava todo o esquema.
Além de Maksuês, foram denunciados os deputados estaduais José Riva (PSD), Mauro Savi (PR), o ex-vereador João Emanuel (PSD), bem como servidores dos legislativos e um ex-assessor de Maksuês, usado por ele como ‘laranja’ no comando da gráfica Propel.
Segundo o promotor de Justiça Sérgio Silva da Costa, Maksuês, além de procurar o MPE e confessar os atos ilícitos, apresentou “documentos importantes para sustentar as provas juntadas ao processo”. Costa destaca que ele afirmou, inclusive, que o dinheiro devolvido para a AL era distribuído a deputados, para que não houvesse críticas à atuação da Mesa Diretora do Legislativo Estadual.
O esquema – O ex-deputado disse que receberia, mensalmente R$ 48 mil, para que ele zelasse, em seus veículos de comunicação, da imagem da AL, deixando de veicular matérias desfavoráveis ao órgão. Diante do atraso nos repasses, ele teria acertado com Riva a emissão das notas por meio de uma empresa gráfica de forma a voltar a receber as taxas. Para embasar os gastos, a Propel teria ‘vencido’ 2 lotes de uma licitação e dado cobertura à outras empresas, participando, já sabendo que iria perder, da disputa de outros 7.
Além dos recebimentos na AL, Maksuês passou a realizar esquema semelhante na Câmara Municipal de Cuiabá. Lá, disse ter negociado com Emanuel a simulação do fornecimento de serviços gráficos, mediante o ressarcimento de 35%. O esquema só teria sido interrompido no final de 2013, quando o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) deflagrou a Operação Aprendiz e relatórios técnicos comprovaram que a Propel não tinha condições técnicas para ter produzido os materiais que dizia ter feito.