O senador Blairo Maggi (PR) rompeu o silêncio que mantinha sobre o episódio que ficou conhecido como "Escândalo dos Maquinários" e que marcou o final de sua gestão no Palácio Paiaguás. O escândalo ganhou corpo meses antes de o republicano se desincompatibilizar do cargo para disputar uma vaga no Senado Federal, em 2010.
Maggi confessou, em entrevista ao telejornal "RDTV", do siteRDNews, na sexta (16), que o assunto ainda o incomoda e espera que a Justiça aponte logo se houve falhas do Estado e quais foram elas. "Me sinto, até hoje, chateado com esse assunto e espero que apontem, no final, quais as deficiências que o Estado teve", desabafou o senador.
O ex-governador lembrou que foi o primeiro a exigir respostas quando o caso "estourou" e, antes mesmo de deixar o Governo, tomou as providências necessárias. "Encaminhei (o caso) para a Auditoria Geral do Estado e ela apontou que os erros estavam na cobrança. A Justiça é quem vai decidir quem é o culpado", afirmou.
As cobranças enviadas para o Estado contavam com responsáveis para a conferência de cada item e realização do pagamento, não passando pela conta do Governo, de acordo com Maggi. "O dinheiro veio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e não transitou pelo Governo. Foi direto do Banco do Brasil para a conta daqueles que fizeram os pagamentos", explicou.
O senador recordou ter ligado aos responsáveis, no dia em que soube da denúncia de superfaturamento nas compras, pedindo para que congelassem as contas até que tudo fosse resolvido, caso algum pagamento não houvesse sido efetuado.
Maggi frisou que não houve desvio de dinheiro dos cofres públicos ou qualquer outro prejuízo ao erário. "Até onde sei, as empresas que tiveram problemas estão devolvendo os recursos ao Estado. Não houve problemas financeiros para Mato Grosso", disse.
Entenda o caso
Em 2010, a Auditoria Geral do Estado apontou a existência de um superfaturamento – em um valor superior a R$ 44,4 milhões – na compra de 705 equipamentos para o programa "MT 100% Equipado".
Desse total, R$ 20,5 milhões foram relacionados à sobrepreço na compra dos maquinários, enquanto R$ 23,8 milhões foram ligados a superfaturamento na compra de 376 caminhões basculantes.
O caso foi parar no Ministério Público Estadual, que solicitou à Delegacia Fazendária a abertura de inquérito policial para investigar as denúncias.
Em seguida, a promotora Ana Cristina Bardusco relatou supostos crimes de fraude à licitação e peculato nos pregões realizados pela Secretaria de Administração (SAD).
Como as aquisições foram feitas pela Secretaria de Infraestrutura (Sinfra), não demorou muito para que os secretários das duas pastas, Geraldo De Vitto (Sad) e Vilceu Marchetti (Sinfra), sofressem pressão para deixar cargos, dos quais pediram demissão logo depois.