Leva deficiente que faz Neymar chorar. Foi apenas a TV Globo ostentando sua força na CBF. Dunga tinha avisado…
Teresópolis…
Cena surreal antes do coletivo da Seleção.
Deixando claro o quanto a Globo tem impressionante liberdade.
Age algumas vezes como se o time de Felipão fosse de sua propriedade.
O time havia acabado o aquecimento.
Estava pronto para começar a fazer seu primeiro coletivo.
Quando o apresentador Luciano Huck invadiu o gramado.
Ele estava acompanhado por um garoto.
Leonardo Marques Tomé.
O menino de 17 anos estava em um cadeira de rodas.
Com uma doença congênita, astrogripose.
Seus músculos são encurtados.
Ele havia escrito uma carta a Huck.
Sonhava conhecer os jogadores da Seleção.
O sonho foi realizado no momento mais inconveniente.
Mas simbólico.
O treino da Seleção Brasileira foi paralisado.
Os jogadores estavam focados, pensando no esquema tático.
No primeiro coletivo.
O dócil menino usava suas pernas encurtadas para faze embaixadinhas.
A cena era pungente, tocante.
Feita para emocionar.
Neymar foi quem mais se deixou levar.
Começou a chorar copiosamente.
Ele teve de ser consolado por companheiros.
Jogou a água no rosto.
Aos poucos foi se acalmando.
Tudo devidamente filmado pelas câmera da Globo.
E Felipão esperando.
Tudo poderia ter sido feito após o treinamento.
Mas não.
O impacto que servia ao programa era esse.
Chocar, surpreender.
Enquanto isso, todos os mais de 1.300 credenciados olhando.
Agrupados em um camarote de onde deve ficar a imprensa.
Todos olhando Luciano garantir a melhor cena para seu programa.
Depois do treino, o garoto Leonardo voltou a falar com os jogadores.
Depois, foi para a concentração.
Acompanhado por Luciano e seus dois filhos.
Os meninos fizeram questão de entrar na sala de musculação.
Tiraram fotos, pegaram autógrafos.
Fizeram o que quiseram.
Uma cena dessas seria absolutamente impensada há quatro anos.
Dunga dizia que iria acabar com os privilégios da Globo.
Errou na dose e comprou guerra com toda a imprensa.
Assim que o Brasil perdeu a Copa, Dunga foi demitido.
Marin garantia que a situação mudaria.
Mudou.
Já com Mano, a TV Globo voltou a ter suas regalias.
Mas nunca de forma tão escancarada como hoje.
Impensável um país de ponta aquecer seus jogadores.
E na hora do primeiro coletivo, o treinamento parar.
Só para um apresentador fazer uma ação assistencialista.
O menino Leonardo merece ter muitas alegrias na vida.
Realizar todos os seus sonhos.
Luciano também precisa de pontos de audiência.
O erro está na cúpula da CBF.
Inacreditável a falta de comprometimento com um treino importante.
Desconcentrar os jogadores.
Ficou a mensagem clara aos mais de 700 jornalistas credenciados.
A Globo voltou a ter seus privilégios na Seleção.
E não abre mão de ostentar.
A situação é maior que o próprio Felipão.
Só o presidente da CBF poderia liberar o que todos assistiram hoje.
Para não ficar nenhuma dúvida.
Marin e a cúpula da Globo são ‘bem amigos’.
Tudo voltou ao normal.