Juíza levantou suspeita sobre delegado por ‘dever de ofício’

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Celly Silva/ GD




A juíza Selma Arruda, titular da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, disse que levantou uma suspeita contra o delegado Flávio Stringueta com relação à existência de grampos ilegais em sua jurisdição por “dever de ofício”.

A declaração foi dada na manhã desta sexta-feira (2), em entrevista à Rádio Capital FM, quando questionada sobre o fato do delegado ter manifestado que a postura da magistrada foi “infeliz”.


“Eu levantei a suposição por dever de ofício e acho que as autoridades devem investigar a respeito. Tenho o maior respeito pelo doutor Stringueta, respeito o trabalho dele, trabalhei muito tempo com ele enquanto ele esteve na GCCO, não tenho nada contra a pessoa dele, mas eu tenho o dever de ofício de informar toda irregularidade ou toda a suposta irregularidade que eu constatar”, explicou a magistrada.
A suspeita foi levantada pela juíza em um ofício sigiloso e que acabou vazando, em que ela alertava a Corregedoria-geral da Justiça sobre a possibilidade de uma história ter sido inventada pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), onde Flávio Stringueta era diretor, para dar legitimidade aos pedidos de interceptações telefônicas da publicitária Tatiana Sangali, apontada como ex-amante do ex-chefe da Casa Civil Paulo Taques e da amiga dela e ex-secretária de Taques, Caroline Mariano de Souza.

Ela ainda negou que tenha feito acusações contra o delegado e que o caso sequer deveria ter se tornado público. “Não fiz pré-julgamento, não acusei de nada, aliás, aquele ofício era um ofício sigiloso que vazou pra imprensa não sei como nem por quem, ou seja, essa afirmação que eu fiz merecia ter um tratamento sério e sigiloso e acabou virando mais um escândalo”, criticou.


Selma Arruda ainda explicou que chegou à hipótese da invenção de história criada para justificar os pedidos de interceptações depois que um assessor lhe informou da possibilidade da existência de barriga de aluguel, já que dois números de telefones eram alvos de duas operações diferentes da Polícia Civil. 


Selma Arruda também se explicou com relação à suspeita de barriga de aluguel nos telefones de Tatiana Sangalli e Caroline Mariano realizados pela delegada Alana Cardoso. “Se trata de uma suspeita, ainda está sob investigação, eu sei que a corregedoria da Polícia Civil está adotando providências, é uma coisa que ainda está sob investigação, é uma suspeita de que tenha havido”.
“As informações que eu obtive a partir da análise desse documento me levaram a crer exatamente na disposição de dois números telefônicos em uma operação que visava investigar atuação de organizações criminosas, quais sejam PCC e Comando Vermelho. Nesta operação, chamada operação Forti, teriam sido inseridos dois números de pessoas que não tinham uma relação com essa investigação. Foi isso que eu narrei à Corregedoria. E narrei também que essas mesmas pessoas, notadamente um mês depois, foram alvo de uma investigação que veio do GCCO por meio do doutor Flávio Stringueta. Então, é óbvio que a constatação, que a suposição inicial seja de que a história que embasa a operação Querubim possa não ser verídica”, explicou.

Entenda o caso

Em um ofício que era para ser sigiloso, mas acabou vazando na imprensa, a juíza Selma Arruda, da 7ª Vara Criminal, relatou à corregedora-geral da Justiça Maria Aparecida Ribeiro dois casos de ações de interceptação telefônica autorizados por ela em ações diferentes, ocorridas em 2015, mas que tiveram como alvo as mesmas pessoas, a publicitária Tatiana Sangalli, que seria amante do ex-chefe da Casa Civil Paulo Taques e da ex-secretária dele e amiga de Tatiana, Caroline Mariano dos Santos.

Segundo a juíza, a primeira vez que os números foram interceptados, na operação Forti, foram em caso de “barriga de aluguel”, ou seja, foram inseridos em investigações relativas ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e ao Comando Vermelho, onde entraram com os codinomes “Dama Lora” e “Amiguinha”.

No segundo caso, na operação Querubim, que ocorreu um mês depois da Forti, ocorreram de forma legal, constando com os verdadeiros nomes, que eram alvos de investigação sobre ameaça ao governador Pedro Taques (PSDB), supostamente arquitetada pelo ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, com a participação das duas 

Por conta disso, mesmo afirmando que não houve barriga de aluguel, a juíza Selma Arruda levantou suspeita para a possibilidade de que uma ‘história cobertura’ tivesse sido construída para justificar as escutas. “Neste caso, não há como afirmar que houve ‘barriga de aluguel’, já que os nomes e dados dos alvos interceptados foral efetivamente revelados pela autoridade policial, não se descartando, contudo, que possa ter havido a construção de ‘história cobertura’, para dar legitimidade às escutas”, registrou Selma em seu ofício à Corregedoria.

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