Último colocado nas pesquisas, o advogado Adolfo Grassi (PPL) conseguiu liminar para participar da rodada de entrevistas com os candidatos a prefeito de Cuiabá, realizada pela TV Centro América (Canal 4), afiliada da Rede Globo na Capital.
Na semana passada, a emissora entrevistou, ao vivo, durante o jornal "MTTV 2ª edição", levado ao ar no começo da noite, todos os outros candidatos. Grassi, porém, ficou de fora, sob alegação de que a emissora só daria esse espaço aos cinco primeiros colocados nas pesquisas.
Na ação, Adolfo Grassi argumenta que a TVCA não pode usar as intenções de voto como justificativa, pois sequer chegou receber o resultado da pesquisa encomendada – como prova, foi anexada a pesquisa sem resultado extraída do site do Instituto Ibope.
O juiz Paulo Márcio Soares de Carvalho, da 55ª zona eleitoral, entendeu que houve “tratamento injustificadamente diferenciado para com o candidato, sobretudo, quando se percebe que, havendo apenas seis concorrentes à chefia do Executivo Municipal, seria ele o único a ficar de fora, tanto da entrevista quanto do debate”.
Para garantir o mesmo tratamento a todos os candidatos, o juiz determinou que a emissora inclua candidato do PPL na rodada de entrevistas, e estipulou multa de 20 mil a 100 mil UFIR, em caso de descumprimento, que será duplicada se houver reincidência.
A TVCA deve ser notificada hoje, e tem prazo de 48 horas para apresentar defesa.
Debate
O juiz atendeu parcialmente ao pedido de Grassi – que também queria ser incluído no debate que a TVCA realizará em outubro, às vésperas das eleições.
No entanto, o magistrado entendeu que não há urgência com relação ao debate, já que será realizado somente em outubro, e deixou a questão para análise posterior.
Assim como na rodada de entrevistas, a emissora contemplará apenas os cinco melhores colocados nas pesquisas: Mauro Mendes (PSB), Guilherme Maluf (PSDB), Lúdio Cabral (PT), Carlos Brito (PSD) e Procurador Mauro (PSOL).
A TV Gazeta, afiliada da Rede Record em Cuiabá, também definiu por excluir Grassi dos debates e entrevistas. Dessa forma, o candidato também pretende acionar a emissora.
“Mas a rodada de entrevistas da Record começa só em 14 de setembro. Por isso, optamos por acionar primeiro a Globo, que já estava com as entrevistas em andamento”, disse Grassi.
“Injustiça”
As emissoras de TV e de rádio são concessões públicas e, por isso, a Justiça Eleitoral regula a cobertura das campanhas eleitorais de forma diferente da mídia impressa e online.
Por serem concessões, as emissoras têm que dar tratamento isonômico e o mesmo espaço a todos os candidatos, sem favorecer ninguém.
Adolfo Grassi classificou a atitude da TVCA como “injustiça”, e lamentou ter sido deixado de fora das entrevistas e debates.
“É injusto e antidemocrático, pois se trata de uma concessão pública. A mídia tem um papel muito importante nas eleições, e é muito grave o fato de terem me discriminado. Graças a Deus, a Justiça reparou essa injustiça”, disse.
O candidato acredita que, justamente por estar com baixo desempenho nas pesquisas, deveria ter mais espaço na TV.
“Eles deveriam divulgar mais quem está mais abaixo nas pesquisas. Eu não tenho dinheiro para a campanha e, se não tiver espaço na televisão, como vou crescer? Quem já está lá em cima não precisa disso”, completou Grassi.