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Um juiz de Direito e um delegado de Polícia entraram em vias de fato na portaria de um condomínio de Cuiabá. Conforme relatos de funcionários do prédio, registrados em um de ocorrências interno e em um termo de declarações, prestados em uma delegacia, a confusão teria ocorrido após o magistrado ter a entrada no prédio negada.
Segundo as informações, após se negar a retirar o veículo da frente do portão do condomínio, o juiz foi levado ao solo e imobilizado pelo delegado, que retirou as chaves do carro da mão dele e entregou a uma. A confusão foi registrada no último sábado (31).
O juiz Alexandre Pampado, da Comarca de Campo Novo do Parecis, proprietário de um imóvel do condomínio, de uma torre em construção, chegou à portaria exigindo entrar para ver o apartamento. Ao ser informado de que o ingresso na obra só poderia ocorrer mediante autorização da construtora, o juiz teria passado a ofender o funcionário.
Conforme termo de declarações prestados à Polícia Civil, o funcionário teria ouvido do magistrado expressões como “como uma pessoa da sua cor consegue resolver as coisas?”. Além do funcionário, Pampado teria xingado o síndico do prédio, que também registrou boletim de ocorrência.
Em um determinado momento, o delegado Gustavo Garcia Francisco, morador de uma unidade pronta, teria chegado do supermercado com um amigo, também delegado. Ao se aproximar para pedir desobstrução da portaria, também foi xingado pelo magistrado.
Gustavo teria pedido a Pampado para que se acalmasse e, conforme os próprios funcionários, convidou o juiz para ingressar no prédio na condição de convidado dele, o que foi negado pelo juiz. O delegado, então teria imobilizado Pampado, o levado ao solo e passado a chave do carro para o amigo, que removeu o veículo da porta da garagem.
Ainda segundo os funcionários, Pampado teria sacado do bolso um talão de cheques e oferecido algumas folhas aos pedreiros da obra, dizendo ter limite de R$ 100 mil na conta bancária e que usava um “rolex”.
Por meio de nota, o magistrado afirmou que o incidente ocorreu devido a não autorização para o acesso dele, que é condômino do Edifício, ao apartamento de sua propriedade. “Não houve por parte do magistrado nenhum distrato dirigido a qualquer funcionário do Condomínio, apesar da reconhecida tensão em que se encontrava”, afirma trecho do comunicado.
Segundo Pampado, os delegados chegaram ao local de forma agressiva. O juiz se apresentou como magistrado, o que não evitou as agressões físicas contra ele. “O juiz Alexandre Pampado lamenta profundamente a ocorrência, considerada por ele descabida entre quaisquer cidadãos, ainda mais entre autoridades públicas. Entretanto, ressalta que foi vítima de uma agressão covarde, o que será comprovado em processos competentes”, finaliza a nota.