Júri condena 23 PMs por participação no massacre do Carandiru

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Policiais são condenados a 156 anos de prisão pela morte de 13 presos em 1992

Vanessa Beltrão.

Dos 26 policiais acusados pela morte dos presos, 23 foram condenados a 156 anos de prisãoItamar Miranda/Estadão Conteúdo/05.10.1992

Após sete dias de julgamento, a grande maioria dos policiais militares acusados da morte de 13 presos que estavam no segundo pavimento do pavilhão nove no massacre do Carandiru foi condenada por homicídio qualificado — com uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. A sentença foi anunciada na madrugada deste domingo (21) pelo juiz José Augusto Marzagão. Seis homens e uma mulher formaram o conselho de sentença.

Dos 26 policiais acusados pela morte dos presos, 23 foram condenados a 156 anos de prisão, inicialmente, no regime fechado. Os réus receberam a pena mínima de 12 anos por cada uma das mortes dos 13 detentos. Os condenados poderão recorrer em liberdade.Outros três PMs foram absolvidos pelo júri, que acatou o pedido feito pela acusação mais cedo. Os absolvidos são: Eduardo Espósito, Maurício Marchese Rodrigues e Roberto Alberto da Silva.

Já os PMs condenados são: Aércio Dornelas Santos, Antonio Luiz Aparecido Marangoni, Antonio Mauro Scarpa, Argemiro Cândido, Elder Tarabori, Fernando Trindade, Gervásio Pereira dos Santos Filho, Haroldo Wilson de Mello, Joel Cantilio Dias, Marcelo José de Lira, Marcos Antonio de Medeiros, Marcos Ricardo Poloniato, Osvaldo Papa, Paulo Estevão de Melo, Pedro Paulo de Oliveira Marques, Reinaldo Henrique de Oliveira, Roberto do Carmo Filho, Roberto Yoshio Yoshikado, Ronaldo Ribeiro dos Santos, Salvador Sarnelli, Sidnei Serafim dos Anjos, Wlandekis Antonio Candido Silva e Zaqueu Teixeira.

Inicialmente, os PMs eram acusados pela morte de 15 detentos, mas duas mortes foram desconsideradas. Uma porque o preso foi morto com arma branca e o golpe pode ter sido desferido por detentos. O segundo corpo foi encontrado em outro pavimento ao qual os PMs condenados não tiveram acesso.


O julgamento foi marcado por atrasos e suspensão dos trabalhos por mais de um dia após um jurado apresentar mal-estar na manhã de quarta-feira (17). O primeiro dia do julgamento teve o depoimento de ex-detentos chamados pela acusação. Foi ouvido um ex-funcionário do complexo prisional do Carandiru. O perito criminal que coordenou os trabalhos do Instituto de Criminalística no caso também depôs na segunda-feira. Ele falou sobre o local do crime ter sido limpo após o massacre.

Acusação pede réplica e diz que 85% das vítimas foram atingidas na cabeça no massacre do Carandiru

No segundo dia do júri, foram ouvidos desembargadores, o ex-governador do Estado de São Paulo na época do crime, Luiz Antônio Fleury Filho, e o secretário de Segurança Pública do governo dele, Pedro Franco.
 
Na quarta-feira (17), o júri foi suspenso logo no início porque outro membro do conselho de sentença sentiu-se mal e foi retomado por volta das 15h dia seguinte, com a leitura de peças do processo e exibição de vídeos durante três horas. A sessão foi encerrada às 18h40.
 
A advogada dos acusados escolheu quatro de seus clientes para serem interrogados, na sexta-feira (19). Foram ouvidos em plenário o comandante da segunda companhia da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) na época, capitão Ronaldo Ribeiro dos Santos; o comandante da Rota durante a invasão, major Aércio Dornellas Santos; o sargento Marcos de Medeiros e o soldado Marco Ricardo Polinato.
 
Relembre o caso

O massacre do Carandiru começou após uma discussão entre dois presos dar início a uma rebelião no pavilhão nove. Com a confusão, a tropa de choque da Polícia Militar, comandada pelo coronel Ubiratan Guimarães, foi chamada para conter a revolta. Foram mortos 111 detentos.

Ao todo, 286 policiais militares entraram no complexo penitenciário do Carandiru para conter a rebelião em 1992, desses, 84 foram acusados de homicídio. Desde aquela época, cinco morreram e agora restam 79 para serem levados a julgamento.    

Até então, apenas Ubiratan Guimarães chegou a ser condenado a 632 anos de prisão, porém um recurso absolveu o réu e ele não chegou a passar um dia na cadeia. Em setembro de 2006, Guimarães foi encontrado morto com um tiro na barriga em seu apartamento nos Jardins.  A ex-namorada dele, a advogada Carla Cepollina, foi a julgamento em novembro do ano passado pelo crime e absolvida.

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