O Brasil conseguiu diminuir o índice de cáries na população em diversas faixas etárias, principalmente entre os mais jovens. Entre as crianças com 12 anos, quando se completa a formação dentária, a proporção das que estão livres do problema passou de 31%, em 2003, para 44% em 2010. Isso significa que 1,4 milhão de crianças deixaram de ser atacadas pela cárie no período.
Os números fazem parte da segunda edição da Pesquisa Nacional de Saúde Bucal, feita pelo Ministério da Saúde e divulgada nesta terça-feira (28).
Entre os adolescentes com 15 a 19 anos, 87% não tiveram perda dentária por conta da bactéria – em 2003, esse índice era de 73%. Com isso, 18 milhões de dentes deixaram de ser atacados entre 2003 e 2010.
Entre os adultos de 35 a 44 anos, o ministério não divulgou número exatos, mas informou que aumentou o acesso ao tratamento.
O conjunto dos dados aponta que o Brasil, nos últimos sete anos, atingiu o status de “país com baixa prevalência de cárie”. Para aferir o posto, usa-se um indicador chamado CPO (sigla para dentes cariados, perdidos e obturados).
Na média, o brasileiro com 12 anos possui hoje 2,1 dos 32 dentes com algum desses problemas. Em 2003, eram, em média 2,8 dentes assim. A OMS (Organização Mundial da Saúde) considera aceitável um índice que varia de 1,2 a 2,6.
Deficiências
O maior problema detectado na pesquisa se encontra na população mais velha, que tem entre 65 e 74 anos. Atualmente, cerca de 7 milhões de idosos não têm prótese nas duas arcadas ou têm em apenas uma: estão total ou parcialmente desdentados.
Entre 2003 para 2010, a proporção de idosos afetados pelo problema caiu pouco, com redução de apenas um ponto percentual para os dois casos: de 24% para 23%, entre os que precisam de prótese total, e de 16% para 15% entre os que necessitam de prótese parcial.
Outro gargalo é a região Norte, único local onde subiu o índice de crianças afetadas por cáries e que perderam ou tiveram que fazer obturação de dentes. Nas demais regiões, esse índice caiu.
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, informou que os 664 laboratórios públicos do país têm capacidade para produzir 480 mil próteses por ano, mas ressaltou a necessidade de reforço.
– Nós estimulamos os municípios a credenciar laboratórios privados para que essa redução possa se dar num período mais rápido.
Quanto à situação da região Norte, o coordenador nacional de saúde bucal, Gilberto Pucca, disse que o ministério já planeja ações específicas, como melhorar o atendimento por barcos e com equipamentos portáteis.
Temporão chamou a atenção ainda para o programa Brasil Sorridente, implantado em 2003, cujo orçamento saltou de R$ 56 milhões para mais de R$ 600 milhões neste ano. O número de equipes de saúde da família, com participação de dentistas, passou de 4,2 mil, em 2003, para 20,3 mil em 2010.