O jornalista Luiz Lanzetta, cuja empresa, Lanza, é contratada pelo PT, pediu ontem afastamento da pré-campanha de Dilma Rousseff. Lanzetta é apontado como o cérebro da tentativa de montar um grupo para espionar o adversário José Serra e produzir dossiês contra ele.
A decisão foi tomada na madrugada de ontem e comunicada por carta ao comando da campanha de Dilma, depois da divulgação de entrevista do delegado aposentado da Polícia Federal Onézimo Sousa à "Veja".
Na entrevista, ele diz que Lanzetta, responsável pela área de imprensa da pré-campanha, pediu-lhe que fizesse investigações "pessoais" sobre Serra. O contrato não chegou a ser fechado. O pedido ocorreu em encontro no restaurante Fritz, de Brasília, em 20 de abril, relatado ontem pela Folha.
Participaram ele, Lanzetta, o jornalista Amaury Ribeiro Júnior e dois membros da "comunidade de informações". Um deles seria Idalberto Matias de Araújo, ex-agente do Serviço Secreto da Aeronáutica, segundo o jornal "O Estado de S.Paulo".
"Tudo o que pudesse ser usado contra ele na campanha, principalmente coisas da vida pessoal. […] O material não era para informação apenas. Era para ser usado na campanha", disse o delegado à "Veja".
Onézimo afirmou que a reunião foi marcada em nome de Fernando Pimentel, um dos coordenadores da pré-campanha de Dilma, que não compareceu.
Em nota, Pimentel negou a versão. "Não conheço esse senhor, nunca tive qualquer contato com ele nem com sua empresa. Repilo a insinuação de que eu teria tomado conhecimento de um encontro entre este sr. Onézimo e o jornalista Luiz Lanzetta." Lanzetta negou o esquema de espionagem e as acusações do delegado.
O jornalista Amaury Ribeiro Júnior também negou ontem à Folha que, no encontro, tenha sido pedido ao delegado que fossem feitas investigações contra Serra. Segundo ele, a intenção de Lanzetta era contratar uma empresa para averiguar a origem de vazamentos de informações da campanha. "[A entrevista] é uma retaliação porque ele não foi contratado. Acho que ele passou para o outro lado", disse Ribeiro Júnior.
Ainda segundo o jornalista, Onézimo teria dito que havia trabalhado num grupo de inteligência montado pelo deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ). Esse grupo estaria atuando "há mais de dois anos", teria "300 dossiês contra pessoas do PMDB". Itagiba não foi localizado.
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