A estudante de Relações Públicas de 23 anos, Lara Pascom, sempre se sentiu desconfortável com o uso dos absorventes convencionais. Após descobrir que eles podem causar irritações, tanto pelo material químico presente no algodão do absorvente como por deixarem a região abafada, ela começou a usar o coletor menstrual, conhecido também como “copinho”, em 2012.
O coletor menstrual, como o próprio nome indica, é um copinho que coleta o sangue da menstruação. Feito de silicone hipoalergênico [livre de substâncias que podem causar alguma reação alérgica] e antibacteriano, ele se ajusta facilmente ao corpo da mulher.
“Li uma matéria sobre as mulheres usarem oito toneladas de absorventes ao longo da vida e isso me deixou bastante pensativa. Descobri o coletor numa loja de produtos naturais. Eu buscava um absorvente lavável e achei o coletor que, além de lavável, é interno e me poupa do desconforto do volume que os absorventes causam”, conta a estudante.
Manuseio do coletor menstrual
O produto é mais barato do que os absorventes íntimos convencionais e é mais ecológico porque não produz lixo. Em média, as mulheres gastam R$ 9 mil com absorventes descartáveis, seja internos ou externos, ao longo da vida. Além disso, o coletor menstrual é mais prático: diferente do absorvente íntimo, que é colocado ao fundo do canal vaginal, o coletor fica na entrada da vagina, facilitando a remoção sem sujeira.
Claro que no começo colocar o coletor menstrual tem lá suas dificuldades, dizem as adeptas, mas todas elas são bem superáveis. A estudante Lara Pascom conta que, como os coletores vêm com haste para facilitar a retirada, a experiência inicial foi desconfortável. “Um dos pontos positivos no uso do coletor é você criar consciência do seu músculo da pélvis. Eu entendi que ao fazer uma força similar a da urina eu conseguiria retirar o coletor sem a haste e isso tornou o uso confortável porque ele fica todo interno. Sem contar que é seguro e encaixa sem causar desconforto. Parece que estou sem nada”, diz a estudante.
“O uso do coletor me permitiu ter mais contato com o meu corpo sem nojo, sem tabus, o que é um um pouco difícil para as mulheres que nunca tiveram esse estímulo e tratam a menstruação como um problema, como uma semana chata do mês”, reforça a estudante, que costuma fervê-lo numa panela utilizada exclusivamente para isso no primeiro dia do ciclo e no último menstrual. “Para as mulheres que desejam testar o coletor, você vai gastar uma vez só com algo que usará todo mês e que vai durar anos. Nesses três anos nunca troquei o produto e ele ainda está ótimo”, recomenda.
Coisas que você precisa saber sobre o coletor!
A ginecologista e sexóloga Carol Ambrogini, coordenadora do Projeto Afrodite, centro de sexualidade feminina do Departamento de Ginecologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), recomenda o uso do coletor menstrual. “Ele traz praticidade para a vida das mulheres. Como o coletor é intravaginal, ele pode ser um empecilho para aquelas que têm mais dificuldade de lidar com a própria vagina, algo que não é tão raro, infelizmente”, explica.
O coletor menstrual pode ficar até 12 horas sem precisar esvaziar, mesmo para a mulher que tem fluxo intenso. “Além disso, é bom para ir à praia, dormir, fazer exercícios, namorar ou se masturbar (sem penetração)”, afirma Lara Pascom.
O produto custa entre R$ 79 e R$ 100 (os preços podem variar) e algumas empresas vendem pela internet como a MoonCup e a InCiclo, por exemplo. O uso do coletor menstrual só não é indicado para mulheres com alergia ao silicone, que estão no pós-parto, que têm má-formação vaginal, secreção vaginal aumentada ou infecção.
“O coletor não provoca alteração da flora vaginal e é até melhor porque não ‘abafa’ a vagina como os absorventes tradicionais. Seu uso não causa infecção urinária. Mas ele só deve ser usado no período menstrual”, reforça a ginecologista Carol Ambrogini.