Ataíde Gil Guerreiro, agora ex-vice-presidente de futebol do São Paulo, garante: tem provas de que Carlos Miguel Aidar, mandatário tricolor, desviou dinheiro do clube. É claro que a acusação ainda terá que ser, de fato, provada. Mas, no passado, a história era outra. Em entrevistas, Aidar garantia que não cobrava nem mesmo o reembolso de estacionamento da equipe do Morumbi. Pelo contrário: colocaria até dinheiro do bolso nos cofres tricolores se isso fosse preciso.
“Se você quer fazer a coisa bem feita, você põe dinheiro do bolso. Não que o São Paulo precise hoje que se ponha dinheiro do bolso, mas você não cobra do São Paulo, você se sente mal cobrando do São Paulo uma despesa sua. Mesmo que seja um simples estacionamento a serviço do São Paulo, você não vai cobrar do São Paulo”, disse Aidar em um depoimento ao Museu da Pessoa, em outubro de 2013, quando ainda não havia voltado a ser presidente do São Paulo.
“(Não cobro) Porque a gente ama o São Paulo. Quando você ama alguém, você não cobra de alguém que você ama. Você se entrega, você não cobra. É mais ou menos assim. O São Paulo é uma pessoa pra gente, não é um clube, uma entidade, uma associação. É como se fosse uma pessoa. A gente tem um amor, um carinho, desde pequeno crescendo dentro disso, é muito bonito isso. É um sentimento difícil de achar hoje em dia”, completou em outra resposta.
Agora, Ataíde Gil Guerreiro acusa Aidar de ter oferecido a ele uma comissão na contratação de Gustavo, da Portuguesa. O ex-vice tricolor diz ter uma gravação em que o presidente o descreve que o pagamento seria em dinheiro circulante, acabando com quaisquer riscos de o esquema ser descoberto.
Ataíde ainda diz que Aidar teria tentado levar uma comissão pela assinatura do contrato com a fornecedora de uniformes Under Armour. Com a gravação, ele exige a renúncia do presidente. Aidar, pporém, garante que não sai.
A guerra declarada entre Ataíde e Aidar começou na segunda-feira. Em uma reunião do clube, Ataíde teria dado um soco que levou o presidente ao chão. No dia seguinte, acabou deixando o cargo de vice de futebol tricolor.
Vale ressaltar que esta já é a segunda passagem de Carlos Miguel Aidar pela presidência do São Paulo. Ele já havia dirigido o clube em dois mandatos, entre 1984 e 1988. É sobre esta época que ele fala no depoimento ao Museu da Pessoa.
O pai dele, Henri Couri Aidar, também dirigiu o clube, entre 1971 e 1978. Carlos Miguel Aidar também conta no depoimento que pagou do bolso uma passagem para Serginho Chulapa até Belo Horizonte para a final do Campeonato Brasileiro contra o Atlético-MG, mas não especifica se pediu ou não reembolso por isso.
À época, Carlos Miguel Aidar fazia parte do departamento jurídico do clube e tentava pressionar pelo fim de uma suspensão a Serginho ou ao menos pela não utilização na decisão do atleticano Reinaldo, que também enfrentava um gancho. Nenhum dos dois foi a campo, e o time tricolor se sagrou campeão com um trinfo por 3 a 2 nos pênaltis, após um empate sem gols no tempo normal.