HIV ainda desafia a saúde pública

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Terça-feira, 1º de dezembro, é o Dia Mundial de Luta contra a Aids. A data foi criada com o objetivo de conscientizar a população sobre a doença que, embora possa ser controlada, não tem cura.

Mesmo com as inúmeras campanhas orientativas, o vírus HIV vem avançando principalmente entre os jovens. Estatísticas apontam que no Brasil uma pessoa é contaminada pelo HIV a cada 20 minutos. 

No Estado números da Secretaria de Saúde de Mato Grosso (SES) apontam para uma ligeira redução dos casos. Em 15 anos foram 9.137 registros e, de janeiro a novembro de 2014, contabilizados mais 225 casos.

No mesmo período em 2015 foram 133 novos casos, uma queda de 92 registros em comparação ao ano anterior. Segundo a SES, 4.416 soropositivos fazem o tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado.

Na Casa da Mãe Joana, em Cuiabá, a procura por uma vaga é grande. Atualmente, o local atende 65 pacientes por mês, fora os 30 internos que moram lá. 

Um jovem de 25 anos morador da Casa, que pediu para não ser identificado, disse ao Gazeta Digital que não acreditava jamais que pudesse estar entre os novos casos de infecção por HIV no país. Mas em 2012 recebeu o diagnóstico.

“A gente sempre pensa que pode confiar no parceiro, que nunca vai pegar. Fiz o exame por acaso, porque tinha passado muito mal e o médico me pediu que fizesse. Não suspeitava de jeito nenhum. A primeira sensação que tive foi de medo. Achei que ia morrer”, lembra.

O jovem garante que fazia check-ups todos os anos e que praticava sexo seguro. “Mas quando você está namorando, a camisinha vai começando a ficar de lado, porque a gente confia no parceiro. Agora sei que não dá para abrir mão do preservativo”.

Três anos após o diagnóstico, ele ainda não voltou a namorar. A família também não sabe que o rapaz é soropositivo. “Querendo ou não, você conta pra um que conta pra outro e todos acabam sabendo. É uma questão delicada. E eu, por ser homossexual, acham que foi promiscuidade, que transo com todo mundo. E eu só transei com uma pessoa que tinha o vírus”.

A estudante de 29 anos, Raquel Fonseca, descobriu ser portadora do HIV há pouco mais de dois anos. Como tinha um relacionamento estável, considerava-se imune à infecção. A descoberta da sorologia foi muito difícil no começo, pois além de imaginar que se tratava de uma doença “dos outros”, achava que iria morrer rapidamente. “Quando eu desanimava, olhava para meu filho e pensava que tinha que lutar por ele. Também sabia que com a ajuda de Deus iria vencer”, lembra.

Em 2012, decidiu ingressar no movimento social para conhecer pessoas na mesma situação e lutar por direitos, combater o preconceito e ajudar outras pessoas que vivem ou convivem com o vírus.

Nesse início de ativismo já acumula muito aprendizado e se sente feliz com a troca de experiências e as conquistas alcançadas.

Para ela, o principal desafio de ser mulher e viver com HIV é conciliar a vida de mãe, mulher e dona de casa, além de lutar contra o preconceito, mesmo quando não está bem. “Estou de pé. Posso até cair de novo, mas só para me levantar mais uma vez”, garante.

O médico infectologista, Ivens Cuiabano Scaff, destaca que as pessoas precisam fazer os exames de HIV frequentemente como outros de sangue usados para saber como está o colesterol, triglicérides e glicose.

Ivens ressalta que hoje há vários tratamentos com coquetéis de remédios que garantem uma sobrevida para o soropositivo. “Só que não podemos esquecer que ser contaminado pelo HIV é para a vida inteira. Porque é uma doença que não tem cura”, salienta.

O médico esclarece que portadores do vírus HIV estão morrendo mais de doenças como infarto, diabetes, acidente vascular cerebral e câncer que são efeitos colaterais dos medicamentos do que com o próprio vírus.

Scaff alerta que é preciso orientar os jovens que o efeito da adrenalina passa e aí vem a realidade com a discriminação, os efeitos colaterais dos medicamentos e, em alguns casos, depressão e abandono por parte da própria família ou grupo social.

Outra questão que o médico relata é que os jovens banalizam a aids, por achar que ela deixou de ser mortal e passou a ser considerada uma doença crônica e sob controle da medicina. Esquecem que as doenças oportunistas são as que acabam levando à morte.

“Como esses jovens não vivenciaram a crise dos anos 80, quando as pessoas morriam por não ter tratamento para combater o vírus, não imaginam o quanto foi triste essa época”.

Quadro nacional

No Brasil já existem aproximadamente 735 mil infectados pelo vírus HIV. Do total, 589 mil foram diagnosticadas e 145 mil ainda não sabem que têm o vírus.

A incidência no país é 20,4 casos por grupo de 100 mil habitantes, de acordo com dados do Ministério da Saúde.

A incidência é maior no público masculino que no feminino, com 26,9 e 14,1 casos em 100 mil habitantes, respectivamente. 
 

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