O secretário de Estado de Saúde, Pedro Henry (PP) voltou a criticar de forma indireta seus antecessores, ao anunciar que o modelo de gestão adotado até então não trazia resultados eficientes, comprometendo a prestação dos serviços e dando margens para que as demandas fossem judicializadas.
Segundo ele, os problemas não eram encarados e disse já ter presenciado servidores da pasta "fugindo" pelas portas dos fundos, para não atenderem oficiais de justiça.
A principal crítica do secretário está relacionada à gerência de medicamentos, que segundo ele não possui qualquer controle. Para Henry, existe uma inconsistência muito grande e imensurável no modelo em vigor que não permite que a secretaria tenha o "mínimo de eficiência" para com a sociedade.
"Temos aqui um modelo que não operava e os problemas não eram encarados. Nas vezes em que frequentava eventualmente a secretaria, viam-se pessoas usar a porta dos fundos para fugirem de oficial de justiça. É tanta imperfeição, pois estamos trabalhando com uma tecnologia de 20 anos atrás, é preciso mudar completamente e isso que está nos preocupando", afirmou.
De acordo com Henry, o modelo arcaico contribuiu para que se chegasse ao caos em que se encontra o setor. Na semana passada, o secretário anunciou a incineração de 20 toneladas de medicamentos de alto custo, inaptos para o uso em função de estarem vencidos. Ele destacou que há remédios com mais dois anos com prazo de validade expirado.
"Estamos fazendo uma auditagem na gerência de medicamentos, devido à inconformidade no estoque real e no informado a contabilidade da secretaria. Tem uma inconsistência que ninguém sabe o que é e nem o tamanho e para mudar isso já estamos adotando algumas medidas, entre elas o maior controle no armazenamento e na distribuição dos produtos", disse.
Descontrole
Segundo o secretário, o descontrole na gestão dos medicamentos é tamanho, que a secretaria não tem conhecimento de como são gastos os remédios distribuídos aos hospitais regionais do interior do Estado. Para ele, a fragilidade no sistema deixa margem para fraudes.
"Temos uma central que abastece os hospitais regionais, o produto chega até as unidades, os servidores recebem, mas depois não temos conhecimento da destinação. Não sabemos o que é gasto, como é utilizado, se o produto foi retirado da unidade. Esse sistema frágil deixa margem para inúmeros vazamentos e possibilidade de fraude e isso tem levado a essa ineficiência que temos hoje", afirmou Henry.