Apesar da paralisação dos médicos ter sido deflagrada em março, o secretário estadual de Saúde, Pedro Henry (PP), disse neste sábado (30) à reportagem que desconhece a greve no setor."Não tenho informação de qualque coisa neste sentido", desconversa.
Representantes de instituições de saúde de Cáceres, cidade-pólo do reduto eleitoral de Henry, também negam que a categoria esteja de braços cruzados. A diretoria do Hospital Jonas Alves Ribeiro sustenta, por exemplo, que o atendimento está normalizado. No entanto, funcionários confirmam que parte dos médicos não trabalha desde o início do ano, numa tentativa de pressionar o governador Silval Barbosa (PMDB) a ceder nas negociações intermediadas por membros do staff. Há profissionais que decidiram voltar a atender e, outra parcela, cumpre os 30% exigidos pela legislação.
Colíder registra redução no número de cirurgias por emergência. Passaram de 75 para 25 por semana. Em Sorriso, segundo levantamento do Sindicato dos Médicos, as intervenções caíram de 788, em fevereiro, para 410, em abril.
Segundo informações do sindicato, a categoria reivindica a implantação de um Plano de Cargos, Carreira e Vencimento (PCCV) e a abertura de concurso público. Os profissionais também estão revoltados com a suposta falta de diálogo no processo de contratação das Organizações Sociais de Saúde (OSS) para gerenciar os hospitais regionais.
Eles entendem que, com o novo plano, os médicos contratados pelas instituições não vão ter nenhum direito trabalhista, como 13º, férias ou recolhimento de INSS, pois a relação seria de prestação de serviço. Como a implantação das OSS já está firmada, eles requerem, no mínimo, uma compensação salarial, caso não seja criado um PCCV para que os próprios médicos possam depositar o FGTS.