A comerciante Priscila Franco Silva, de 26 anos, moradora de Campinas, interior de São Paulo, foi violentada e morta na cidade boliviana de Puerto Quijarro, na fronteira com o Brasil. Ela estava grávida de seis meses e tinha viajado com um grupo de sacoleiras para comprar roupas – a cidade boliviana é vizinha de Corumbá, em Mato Grosso do Sul. O crime aconteceu no dia 8 e até esta terça-feira, 12, o corpo permanecia em Santa Cruz de La Sierra, à espera de providências da família.
Sem recursos sequer para pagar a viagem de avião, o marido de Priscila, Thiago Henrique Batista Ferreira, de 29 anos, deve tomar um ônibus nesta quarta-feira, 13, com destino à Bolívia. Amigos e vizinhos do Jardim Bassoli, onde ela morava, lançaram uma campanha nas redes sociais na tentativa de conseguir dinheiro para o traslado do corpo. ‘Minha mulher era amiga dela e, além de estar grávida, a Priscila deixou dois filhos pequenos, de 4 e 6 anos. As crianças estão com a avó e ainda não sabem que a mãe está morta‘, contou Ivanil Silva.
Segundo ele, a viagem de Thiago será feita com a passagem de ida e com pouco dinheiro. ‘Estamos tentando ajudar, pois o governo não está dando nenhum apoio material.‘
Ivanil contou que Priscila costumava comprar roupas no Brás, em São Paulo, para revender no interior, mas foi convencida por uma amiga a se abastecer na cidade boliviana. ‘A amiga já tinha ido e disse que tudo lá era mais barato.‘ Ele não acredita numa das hipóteses levantadas pela polícia boliviana, de possível envolvimento com o narcotráfico. ‘Ela não tinha nenhum perfil para isso, inclusive a mãe dela, dona Chiquinha, era muito conhecida no bairro e faleceu recentemente.‘
Priscila foi encontrada num matagal, de bruços, com as mãos amarradas, e marcas de tortura. Os autores do crime levaram apenas dinheiro e documentos, deixando a bolsa de mão, mala e demais pertences com a vítima. A perícia concluiu que ela sofreu violência sexual e foi estrangulada. Havia ainda ferimentos e contusões nas costelas. O marido reconheceu a mulher pelas fotos, por meio de tatuagem de borboletas e do nome dele gravado nas costas.
O coronel boliviano Hugo Justiniano Añez, comandante da Polícia de Fronteira, disse que Priscila deve ter sido morta em outro local e deixada no ponto em que foi avistada por um transeunte. Foi apurado que ela havia morrido 12 horas antes de o corpo ser encontrado, em local onde passam muitas pessoas.
A polícia boliviana pediu às autoridades brasileiras informações sobre os antecedentes criminais de Priscila. O objetivo é confirmar ou descartar a hipótese de que ela tenha sido morta por narcotraficantes. Para o marido da brasileira, a hipótese não tem lógica. Ele disse que a mulher viajou com o dinheiro certo para comprar roupas e voltar a Campinas.
O Itamaraty informou que o caso é acompanhado pelo consulado brasileiro em Santa Cruz de la Sierra e pelo vice-consulado de Puerto Suárez. Segundo o Itamaraty, o traslado do corpo deve ser providenciado pela família, já que a legislação não permite que o governo brasileiro assuma os custos.