Desde às 8h desta quinta-feira, 9, diversas entidades representativas orientaram os caminhoneiros a se desmobilizarem e liberarem as rodovias após o recebimento de um áudio do presidente Jair Bolsonaro e do ministro de Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, alertando sobre as consequências da paralisação para a economia, a inflação e a população mais vulnerável do país. Um vídeo enviado pelo caminhoneiro Zé Trovão, representante dos movimentos que está foragido devido a um pedido de prisão do ministro do STF, Alexandre de Moraes, também incentivou a interrupção. Gravado às 2h da manhã desta quinta-feira, Trovão afirma que um habeas corpus preventivo foi impetrado para garantir a liberdade dos manifestantes.
Por volta das 11h, o Ministério da Infraestrutura informou que o número de estados com registros de manifestações caiu de 15 para 14 e que seis corredores logísticos em quatro estados (Bahia, Pernambuco, Sergipe e Rio Grande do Sul) foram liberados entre às 8h e às 11h.
Em entrevista à VEJA, Ailton Gomes, representante da Associação dos Transportadores de Combustíveis e Derivados (Associtanque) do Rio de Janeiro e que participa das manifestações, disse que orientou os caminhoneiros da entidade a interromperem as paralisações em função dos vídeos e áudios recebidos. Desde ontem caminhoneiros se paralisaram para exigir a retirada dos ministros do Supremo Tribunal Federal do cargo, principalmente o ministro Alexandre de Moraes, que determinou buscas e prisões de organizadores das manifestações do dia 7 de setembro pró Bolsonaro e contra o STF.
De acordo com ele, as lideranças já iniciaram a desmobilização dos seus representados e aguardam uma reunião de Bolsonaro e do ministro Tarcísio com representantes dos caminhoneiros que será realizada nesta quinta-feira, 9.
“Não queremos ver a economia do Brasil por água abaixo. A manifestação era a favor do presidente Bolsonaro, agora ele tem certeza que o povo está com ele e resolvemos atender o pedido para desmobilizar”, disse ele, que acredita que até o final do dia o abastecimento de combustíveis irá se normalizar em estados como Minas Gerais, onde alguns postos de combustível sofreram escassez do produto.
“Algumas pessoas ficaram decepcionadas e decidiram por conta própria insistir na paralisação, mas acredito que a Polícia Rodoviária Federal vai fazer a parte dela e dentro de seis horas tudo voltará ao normal”, disse ele. Gomes participa de grupos de WhatsApp com representantes de diversas categorias de caminhoneiros, entre eles caminhão tanque, baú e de carga fracionada, de Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Bahia.
De acordo com Sandro Gonçalves, presidente do Sinditanque-SP, os caminhoneiros também já se desmobilizaram em São Paulo e as estradas, bem como o abastecimento no estado, já voltaram a normalidade. A paralisação da entidade, além de pedir o impeachment dos ministros do STF, solicita a queda dos tributos dos combustíveis, tanto federais quanto estaduais. “Estamos esperando uma resposta do presidente Bolsonaro tanto sobre os impostos quanto em relação à paralisação e os ministros do STF, ou seja, o que tiver que ser feito para nosso país voltar a produzir e o cidadão brasileiro ter direito de crescimento”, diz ele.
No Espírito Santo, José Alves de Oliveira Junior, presidente da Asstanques-ES afirma que os caminhoneiros estão liberando as estradas. “A gente interrompeu a paralisação porque essa é uma guerra da população e do governo federal, não é do estado. É uma guerra política, de ministros, tem vários estados aderindo em apoio ao Bolsonaro, eu também apoio o presidente porque eu sou patriota. Mas quando acabou o bloqueio a gente liberou o caminhão para trabalhar, até porque a vida tem que continuar”, afirmou.