Welington Sabino/ GD
Foto/ Otmar de Oliveira |
O Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público Estadual (MPE), nega que tenha instaurado e depois mandado arquivar qualquer procedimento investigatório ou inquérito para apurar uma rede de escutas telefônicas clandestinas envolvendo uma lista de pelo menos 120 pessoas, entre políticos, juízes, jornalista e empresários de Mato Grosso, autorizadas pelo juiz Jorge Alexandre Ferreira, na época lotado na comarca de Cáceres (225 Km a oeste de Cuiabá).
O episódio resultou na exoneração do secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Taques que é primo do atual governador Pedro Taques (PSDB). Conforme nota divulgada nesta quinta-feira (11) pelo governo do Estado, Taques deixa a Casa Civil e voltar a exercer a advocacia para cuidar de alguns processos envolvendo o governador.
Entre os processos, está uma investigação em curso na Procuradoria Geral da República sobre denúncia feita pelo ex-secretário de Segurança Pública do Estado, promotor Mauro Zaque, e seu adjunto, Fábio Galindo, sobre eventual existência de interceptações telefônicas clandestinas no âmbito da Polícia Militar, corforme o próprio governo informou.
Ainda não se tem detalhes aprofundados sobre o esquema que deve ser exibido em rede nacional neste final de semana, mas pelas informações divulgadas na imprensa até o momento, as investigações envolviam pessoas suspeitas de envolvimento com o tráfico internacional de drogas na região fronteiriça do Brasil com a Bolívia. E o juiz Jorge Alexandre atuava em Cáceres teria autorizado as escutas telefônicas dos números apresentados pela Polícia Militar.
No rol dos nomes apontados como suspeitos foram inseridos números de celulares de políticos, empresários, jornalista e até assessor do Tribunal de Justiça de Mato Grosso. O objetivo seria monitorar os adversários políticos de Pedro Taques no pleito de 2014. Essas pessoas recebiam “codinomes”, semelhantes ao seus verdadeiros nomes. O magistrado autorizou as escutas, mas não teria conhecimento do esquema embutido no pedido.
Agora, em nota divulgada nesta sexta-feira, o coordenador do Gaeco, promotor de Justiça, Marcos Bulhões diz que as informações apresentadas pelo governador, por meio do Ofício 446/2005, que resultaram no arquivamento do procedimento de investigação, não guardam relação com os fatos que teriam ocorrido na Comarca de Cáceres. O Gaeco não deu mais detalhes sobre o procedimento que foi arquivado.
Na denúncia feita ao Ministério Público, os ex-secretários de Estado Zaque e Galindo informaram que os grampos funcionavam no modelo “barriga de aluguel”, quando telefones de pessoas não relacionadas a uma investigação são inseridos em pedido judicial de quebra de sigilo. A rede de escuta não oficial seria controlada por coronéis da Polícia Militar.
Depois que o Ministério Público do Estado arquivou o procedimento investigatório, o caso foi parar na Procuradoria Geral da República (PGR) e agora o próprio governo confirma que Paulo Taques vai fazer a defesa do governador nessa demanda judicial.
Confira a íntegra da nota do Gaeco
Nota de Esclarecimento
Diante das notícias veiculadas pela imprensa de que o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (GAECO) arquivou as investigações sobre a suposta existência de interceptações ilegais na Comarca de Cáceres, o coordenador do Grupo, promotor de Justiça Marcos Bulhões, esclarece que as informações apresentadas pelo Governador do Estado, por meio do Ofício 446/2005, que resultaram no arquivamento do Procedimento de Investigação, não guardam relação com os fatos que teriam ocorrido na Comarca de Cáceres.