Funcionárias do Itamaraty denunciam vários casos de assédio sexual e moral

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Um grupo de diplomatas brasileiras decidiu romper o silêncio que costuma rondar os casos de abuso moral e sexual no trabalho. As funcionárias reuniram mais de cem relatos de assédio e os encaminharam ao Secretário Geral do Itamaraty, Sérgio Danese, informa a “IstoÉ”.

Entre as ameaças mais comuns estão cancelamento de promoções, remoção para postos considerados menos nobres, adiamento de férias, carga horária abusiva, sobretudo no exterior, desvio de função e xingamentos de todo tipo.

As vítimas contam que, pelos corredores, o ditado que impera é “bode bom não berra”. Informado, Danese se disse sensibilizado. Uma das providências estudadas pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE) seria a criação de uma ouvidoria exclusiva para os casos, vinculada ao Comitê de Gênero e Raça do Ministério, criado em 2014.

Nos dias seguintes, entretanto, com o vazamento da informação, o clima no Itamaraty era de tensão. Fontes ouvidas sob a condição de anonimato afirmaram que alguns superiores chegaram a intimidar funcionárias com a ameaça de processos por calúnia e difamação, caso as denúncias viessem à tona.

Mais de quinze depoimentos de mulheres assediadas moralmente e sexualmente foram encaminhados pelas vítimas ao Sindicato Nacional dos Servidores do Ministério das Relações Exteriores (Sinditamaraty). A maioria apresentou denúncias formais à Corregedoria do Itamaraty, subordinada à secretaria-geral, mas nunca obteve resposta.

Sandra Nepomuceno, presidente do sindicato, avalia que “a impunidade ajuda a perpetuar a cultura de assédios”, especialmente em um ambiente onde, para se progredir na carreira, é preciso ter o apoio de outros colegas.

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