Há um clima de desilusão, estranhamento nas Laranjeiras.
O Fluminense de Luxemburgo mergulhou na zona de rebaixamento.
Está sem vencer há nove partidas.
O medo é enorme de queda para a Segunda Divisão.
Torcedores estão consternados.
O presidente Peter Siemsen já avisou que baixará o preço dos ingressos.
Até para R$ 1,00 contra o Náutico, lanterna, no Maracanã.
Sim, R$ 1,00 para sócio torcedor.
Jogadores estão cada vez mais inseguros.
Os discursos vazios de Vanderlei Luxemburgo não são levados a sério.
Dentro deste cenário de terra arrasada, onde está Fred?
O capitão do time sofreu uma grave contusão na coxa direita.
A lesão muscular aconteceu contra o Santos em setembro.
A previsão de volta aos gramados era de dezembro.
O departamento médico do clube tem todo o cuidado para falar do caso.
Ninguém se esquece do que aconteceu em 2010.
Ele teve uma série de contusões.
E em setembro foi liberado para voltar a jogar.
Mas voltou a sentir a distensão na panturrilha esquerda.
Disse que o departamento médico errou antecipando sua volta.
O médico Michel Simoni ficou revoltado.
O chamou de traidor e covarde.
Pediu demissão e abandonou o Fluminense.
A raiva do jogador com o tratamento se explica.
Fred foi contratado em 2009.
Voltou ao Brasil sonhando com a Copa de 2010.
Mas encontrou o Fluminense muito mal.
Teve de se desdobrar na arrancada excepcional no final do Brasileiro.
As chances de rebaixamento do clube eram de 98%.
Ele foi o grande capitão do time de ‘guerreiros’.
Salvou o clube, mas perdeu a Copa do Mundo.
O jogador teve oito lesões musculares.
Isso em período de um ano e quatro meses nas Laranjeiras.
A oitava contusão aconteceu em julho de 2010.
O jogador credita tantas lesões no esforço de salvar o Fluminense.
O tempo passou, o Brasil perdeu a Copa, Dunga caiu.
Mano Menezes nunca morreu de amor pelo atacante.
E a recíproca foi a mesma.
Inclusive com o pai do jogador falando mais do que deveria.
Insinuou que ele simulou contusão para não servir a Seleção.
Tanto era péssimo seu relacionamento com Mano.
O treinador protegido de Andrés Sanchez foi demitido.
Felipão assumiu.
Ele havia decidido que usaria um atacante de referência na área.
Teria de ser experiente, já que o Brasil tem muitos jovens.
A disputa foi entre Luís Fabiano, o seu favorito, e Fred.
O são paulino foi mal demais e o jogador do Fluminense se firmou.
Se transformou no grande artilheiro da Seleção.
Homem de confiança total de Felipão.
Na Copa das Confederações, fiz uma entrevista com ele.
Perguntei sobre o futuro.
Sobre o interesse do Manchester City.
E percebi um homem obcecado.
Não com a Europa, mas com a Copa do Mundo.
“Em 2006, não tive chance. Tinha o Ronaldo, o Adriano como titulares. Em 2010, não pude nem tentar brigar pela minha vaga. Pensei demais no Fluminense, meu clube, no pacto que fizemos com o Cuca. Nos desdobramos e o time não foi rebaixado. Mas o sacrifício me desgastou, tive muitas contusões. Fiz tudo pelo Fluminense e não me arrependo. Agora não quero arriscar 2010 de jeito algum. Sei que as pessoas estão falando de Exterior, mas não quero sair. Sei que não vão acreditar em mim agora, mas depois vão ver que estou falando a verdade. O meu objetivo é disputar a Copa do Mundo no Brasil. Fazer o que puder pelo Fluminense. Mas vou pensar um pouco mais em mim do que fiz no passado.”
Fred foi bem demais na competição.
Artilheiro e titular absoluto do time campeão.
Ele está cumprindo a promessa.
Não saiu do Fluminense e a Copa é o seu grande foco.
Como tem dito a Felipão em telefonemas constantes.
Tem tratado com todo o carinho a grave lesão na coxa direita.
Foi avisado pelos médicos que se não for bem tratada, pode ter consequências.
Ele já tem 30 anos.
Um retorno precipitado aos gramados pode tirá-lo do Mundial.
Acabar com seu sonho.
Também tem outra explicação sobre o seu sumiço.
Ele foi absolutamente contrário à demissão de Abel Braga.
Não se conforma até hoje pela maneira que foi dispensado.
O treinador campeão do Brasileiro de 2012 era seu amigo íntimo.
E sabia que Abel havia virado as costas a uma proposta milionária do Inter.
Ficou ganhando menos nas Laranjeiras.
Mas perdeu prestígio demais com a eliminação na Libertadores.
Pelo segundo ano seguido, o time caiu nas quartas de final.
Os dirigentes não quiseram saber se o time havia vendido atletas importantes.
Após a quinta derrota seguida no Brasileiro, a demissão foi sumária.
O que afastou o artilheiro ainda mais de Pete Siemsen.
Seu relacionamento é bem diferente com o que tinha com Roberto Horcades.
A chegada de Vanderlei Luxemburgo também não o agradou.
Ele tem uma maneira personalista, bem diferente de Abel, de Cuca.
Não há empatia entre eles e os jogadores.
Não há pacto, amizade.
A relação é fria, apenas profissional.
Fred está abatido com os péssimos resultados do clube.
Preocupado, mas seu grau de envolvimento é muito menor.
Ele está no estágio final da sua recuperação.
Sabe que a lesão ainda não está curada.
Se houver a precipitação do retorno, que o clube quer, pode ser perigoso.
E o músculo reto anterior da coxa pode voltar a romper.
Para tentar diminuir a pressão da mídia, Luxemburgo fala em Fred.
A atitude não é nada sutil.
Enquanto isso o atacante acompanha os comentários de bastidores.
A necessidade da Unimed em diminuir o investimento no clube em 2014.
Talvez até a saída, dependendo do resultado das eleições.
Ao mesmo tempo sabe que há um clube assumidamente interessado nele.
O Cruzeiro, virtual campeão brasileiro.
Clube que onde foi muito feliz.
O sonho de Gilvan Tavares é ter o atacante para a Libertadores.
Ele teria a mesma importância que Ronaldinho tem no Atlético.
Enquanto tudo isso acontece, há uma grande alívio para sua ansiedade.
Felipão já garantiu que é o seu artilheiro titular no Mundial.
Apenas quer que se tenha cuidado, se recupere fisicamente o melhor possível.
Por isso, a sua angústia.
Sabe que o Fluminense precisa de seus gols, de sua personalidade.
Mas não quer arriscar sua última Copa do Mundo na carreira.
Não, sendo titular absoluto, homem de confiança de Felipão.
Mesmo assim está conversando demais com os médicos.
Quer jogar por sua ligação com o clube, com os torcedores.
Mas mostra grande preocupação.
Se fosse por Abel Braga ou Cuca, sua postura seria diferente.
Mas por Luxemburgo, Fred não colocará seu futuro em jogo.
Por isso não foi a vestiários, nem tem viajado acompanhando o time.
Quer se curar, não perdoa a demissão de Abel e a escolha de seu substituto.
Não será surpresa alguma se em 2014 voltar a vestir a camisa azul celeste.
Com o Fluminense se salvando ou rebaixado.