FRAUDES EM TERRAS PMs e servidores da Justiça integram quadrilha que ameaçou delegado e vereadora

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Welington Sabino/ GD
Foto-Otmar de Oliveira

Delegada Cleibe Aparecida que comanda as investigações confirmou que todos os mandados de prisão foram cumpridos nesta segunda-feira

Entre os crimes que pesam contra a quadrilha desmantelada nesta segunda-feira (02) pela Polícia Civil acusada de homicídios motivados pela posse fraudulenta, também estão ameaças de morte a um delegado de polícia, uma vereadora e uma gerente de banco. dEntre oS 8 criminosos presos na operação Liga da Justiça, estão 1 ex-servidor do cartório de registro de imóveis de Barra do Garças, 2 servidores do Judiciário mato-grossense, sendo 1 escrivão e 1 oficial de Justiça, 2 policiais militares aposentados, mandante e executores de um duplo homicídio, falsificadores de documentos, 2 corretores de imóvel, posseiros e beneficiários das fraudes. Vários documentos e computadores também foram apreendidos durante a operação, além de 4 armas de fogo e munições.

Contudo, a Polícia Civil não divulgou os nomes dos presos sob alegação de que a medida foi tomada para não atrapalhar o andamento dos inquéritos policiais. Ao todo são 10 inquéritos sendo 9 em Porto Alegre do Norte e um na Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO). A operação foi deflagrada nas cidades de Barra do Garças, Porto Alegre do Norte e Confresa, para cumprimento de 19 ordens judiciais, sendo 8 mandados de prisão temporária e 11 busca e apreensão. Todos os mandados de prisão já foram cumpridos, conforme informa a delegada que comanda as investigações, Cleibe Aparecida de Paula, da GCCO.

De acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Civil, os 8 membros da quadrilha foram presos ainda na manhã desta segunda-feira. Foram 7 mandados de prisão cumpridos e 1 acusado preso em flagrante por posse irregular de arma de fogo. O grupo é acusado de crimes de falsificação de documentos particular e público, falsidade ideológica, fraude processual, esbulho possessório e homicídios. O último integrante da quadrilha foi preso à tarde, em Porto Alegre do Norte.

As investigações iniciadas em Confresa (1.160 km a Noroeste) e repassadas a Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), em Cuiabá, identificaram que a quadrilha agia na falsificação de matriculas de escrituras de terras para obtenção de financiamentos milionários com uso de nome de diversas pessoas e para manter o “negócio” chegou a cometer quatro homicídios na região. O delegado regional de Confresa, Ronan Gomes Villar, disse que a organização criminosa vem agindo na região há muitos anos, cometendo diversas fraudes e vitimando donos de áreas rurais. “Essas pessoas foram investigadas pela Polícia Federal e continuaram falsificando documentos”, afirmou Villar.

A quadrilha, conforme apontam as investigações, também tem ligação com crimes de homicídios qualificados e esbulho possessório de áreas rurais- ato pelo qual uma pessoa perde a posse de um bem forma forçadamente, sem qualquer direito sobre a coisa que legitime o seu ato. É crime de usurpação. As investigações iniciaram com o duplo homicídio que vitimou os funcionários da Fazenda Mata Azul, Manoel Divino Pereira da Silva e Janio Correa de Araujo, no dia 21 de setembro de 2011. As vítimas passavam de motocicleta pela estrada de acesso a fazenda, no município de Confresa, quando foram alvejadas por armas de fogo.

A mesma fazenda, em 14 de maio de 2010, teve ajuizada ação de interdito proibitório por parte da empresa Transcarmo Agropecuária em desfavor de dois alvos da operação. A medida visa repelir algum tipo de ameaça à posse de determinado possuidor. O inquérito policial, inicialmente instaurado em Confresa, foi transferido ao GCCO para continuidades das investigações, após a Polícia identificar que o motivo das mortes seria a posse da terra e obtenção de recursos financeiros fraudulentos pela organização criminosa.

Antes mesmo de a Polícia Civil identificar a motivação dos homicídios, o delegado de polícia, à época, em Confresa, sofreu ameaças por conta das investigações também sobre ameaças a uma vereadora de Porto de Alegre, que teve uma área de terra usada nas fraudes. A gerente de um banco de Porto Alegre do Norte também sofreu ameaças para liberação de um financiamento e pediu transferência da região.

A organização é conhecida nas regiões como “Liga da Justiça” por contar com influência no apoio e execução das atividades ilícitas de servidores do Executivo e do Judiciário. “Essas pessoas têm facilidades em diversos lugares, órgãos. São muitos organizadas”, disse a delegada Cleibe Aparecida de Paula. (As informações são da assessoria de imprensa da Polícia Civil)

Outro lado: A assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) informou que o presidente do TJ, desembargaddor Orlando de Almeida Perri, não tinha conhecimento do fato, mas ao saber das investigações da Polícia Civil já acionou os gestores das 3 comarcas envolvidas para identificar os servidores, pois a Polícia Civil não divulgou os nomes. O presidente do TJ vai instaurar procedimento para apurar os fatos, investigar os servidores e tomar as medidas cabíveis se ficar constatado o envolvimento deles nos crimes.

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