As inflamações podem ser consideradas como um mecanismo de proteção do corpo, onde várias células de defesa se deslocam até uma região que se encontra machucada, ou que existem corpos estranhos. Nestes casos, elas se concentram na tentativa de proteger e ajudar na recuperação da estrutura lesionada. O único problema é que elas levam junto algumas substâncias a mais, além de um número maior de células que o necessário, formando os edemas, ou inchaços.
Existem vários tipos de inflamações, se considerarmos as causas e regiões de ocorrência. Algumas das mais conhecidas são as inflamações de estômago, intestino, garganta, nariz, ouvidos, gengivas, amigdalas, músculos, tendões (tendinites) e nas bursas (bursites).
Além de anti-inflamatórios, existem outros recursos para reduzir alguns tipos de inflamações. Um deles é a fisioterapia. Mas ela fica limitada a resolver processos inflamatórios de apenas algumas estruturas, como músculos, tendões, ligamentos, nervos e ossos. Existem até profissionais que acreditam reduzir inflamações de outras partes, mas neste artigo, vamos nos limitar apenas a músculos, tendões, bursas e nervos.
Nos casos de tendinites (inflamações nos tendões) ou infamações musculares, a principal causa está no uso excessivo de um músculo e/ou tendão. Este excesso gera fadiga e pequenas lesões nas fibras do tendão e/ou músculo, iniciando um processo inflamatório local. Neste caso, a fisioterapia procura pelas causas desta sobrecarga e corrige o que não está de acordo. No caso de tendinites e lesões musculares, as principais causas estão relacionadas à postura que a pessoa realiza os movimentos. Muitas vezes eles são realizados de forma incorreta, utilizando-se músculos fracos para funções de músculos mais fortes, causando sobrecarga nestes mais fracos, lesionando-os. O simples fato de melhorar a postura e ensinar o corpo a utilizar seus músculos e tendões da forma correta, reduz as lesões e consequentemente as inflamações.
Com relação às bursites, podemos simplificar dizendo que são inflamações nas bursas, que são pequenas bolsas que produzem o lubrificante de nossas articulações. Como ficam entre ossos, estão sujeitas a atritos e compressões o tempo todo. Se a compressão, atrito ou trauma nelas for muito intenso, elas inflamam. Quando elas inflamam, ficam mais sensíveis e doloridas, gerando o famoso quadro da bursite. As principais e mais famosas bursites são a do quadril (trocantérica) e a do ombro (subacromial) e as principais causas também são posturais, com sobrecargas de músculos indevidos, que aumentam a compressão de ossos contra as bursas. Nestes casos, a fisioterapia reeduca o corpo a utilizar os músculos de forma que eles não comprimam as bursas, reduzindo a inflamação e as dores.
Agora falemos de nervos. Estes merecem maior atenção, afinal, uma de suas funções é justamente enviar sinais de dor ao nosso cérebro quando ficam inflamados. Quase todas as inflamações são doloridas, pois afetam os nervos. Uma inflamação no joelho afeta nervos do joelho, bem como uma bursite no ombro afeta nervos do ombro. Quando a inflamação chega com suas células e substâncias inflamatórias, o nervo fica bem mais sensível e manda sinais de dor com mais facilidade, necessitando de menos estímulos para gerar as dores. No entanto, como os nervos seguem por vários caminhos, como raízes de uma árvore, é comum sentir dores em outras regiões além daquela que está inflamada, sugerindo uma inflamação neural, ou seja, dos nervos. A causa de uma bursite trocantérica pode gerar uma dor neural na lateral do pé, da mesma forma como a causa de uma tendinite de cotovelo pode gerar uma dor neural na ponta do dedo indicador na mão. Nestes casos, a fisioterapia identifica a origem das dores e trata suas causas.
Ainda sobre os nervos, é importante lembrar que a maioria deles nasce na nossa coluna. Portanto, é comum encontrar pessoas com inflamações em nervos dos braços que a fisioterapia precisa tratar a coluna cervical (pescoço). Ou então, tratar as famosas dores no ciático (que geralmente começam na região glútea e descem por trás da coxa até a lateral da perna) mobilizando a coluna lombar. Nestes casos, a fisioterapia precisa utilizar recursos para estabilizar a coluna e evitar que sensibilize os nervos que saem dela, para outras regiões do corpo.
Além de tratar as causas, a fisioterapia também possui técnicas para aliviar os sintomas da inflamação, bem como reduzir sua concentração e intensidade, acelerando a recuperação. Mas nem por isso pode-se afirmar que ela substitui um tratamento com anti-inflamatórios. Os remédios agem de uma maneira diferente, estimulando e atuando em nosso corpo de um modo que a fisioterapia não consegue. Por isso é que os tratamentos costumam ser complementares. Com a ação dos remédios e o trabalho da fisioterapia para tratar a causa dos sintomas, o resultado costuma ser duradouro, reduzindo as chances de recidivas. Se elas voltarem, é porque as causas não foram identificadas, ou o tratamento não foi eficiente, sendo necessária a mudança do tratamento, ou mesmo dos profissionais envolvidos.