FIM DAS APAES E INCLUSÃO RADICAL NAS ESCOLAS REGULARES “UMA IMBECILIDADE”

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Vivemos em uma democracia e nela cada um tem o direito de defender o seu ponto de vista, expressar suas convicções. Quando se trata de legisladores, legalmente investidos no cargo através de nosso voto democrático, essa liberdade é ainda maior e deve ser respeitada.

Ainda assim, me permito a utilizar de minha liberdade de expressão e chamar de “IMBECIS” e desconhecedores da causa, àqueles que têm a infelicidade de pensar em fechar as APAES do país, com a desculpa de que as escolas regulares devem ser aptas a receber esses “seres humanos especiais”.

Horas senhores, em que país você vive? Se não temos condições de dar o mínimo de ensino de qualidade aos alunos em geral, como teremos condições de atender eles seres especiais???

REVOLTANTE, INDIGNANTE!… Saiam de se seus gabinetes e vão visitar os dois lados, especialmente no interior do país para constatar que se isso acontecer, estaremos cometendo um crime e um retrocesso irreparável.

Nos últimos 20 anos, não por coincidência após o surgimento da APAE que são formados por pessoas de bem que doam parte de seu tempo para dirigir essa entidade exemplar, os portadores de Síndrome de Down, tiveram sua expectativa de vida acrescida de mais de 30 anos. Não somente aumentou a longevidade, como a qualidade de vida. Antigamente os pais que não tinham opção, mantinham esses especiais em casa superprotegidos, não por sua culpa, mas porque as escolas regulares, não aceitavam seu acesso, por óbvio porque não tinham e em geral, como continuam a não ter, condições de oferecer a eles a atenção especial que precisam. Hoje temos esses especiais vivendo vidas praticamente normais independentes, tais como namoro, trabalhando como servidores públicos, funcionários de empresas privadas, artistas, inclusive nas telas da TV Globo e até mesmo professores “especiais”.

Para expor o assunto com mais conhecimento técnico de especialista, abordemos o debate a seguir:

Segundo Zan Mustacchi, médico responsável pelo Departamento de Genética Médica do Hospital Estadual Infantil Darcy Vargas, sediado no Bairro Morumbi em São Paulo e coordenador técnico do CIAM (Centro Israelita de Apoio Multidisciplinar), que é uma sociedade brasileira sem fins lucrativos, de natureza educacional, cultural, beneficente e filantrópica, que presta serviços à pessoa com deficiência intelectual, do nascimento ao envelhecimento, também com sede em São Paulo, expôs o assunto em uma entrevista/debate com o Dr. Dráuzio Varella, que dispensa apresentação, abordando o documentário “Do Luto ‘a Luta”, produzido pelo jornalista e cineasta Evaldo Mocarzel, que aborda especificamente a Síndrome de Down, traz resumidamente o seguinte:

“Não faz muito tempo, crianças nascidas com Down eram afastadas do grupo social e familiar e, em geral, não viviam mais do que 30, 35 anos. À medida, porém, que se investiu na estimulação precoce para estimular o desenvolvimento dessas crianças e de suas potencialidades, a expectativa de vida aumentou consideravelmente e, embora num ritmo mais lento, elas se mostraram capazes de vencer as limitações e foram sendo integradas na sociedade…

… Além da melhor qualidade de vida, foi o tempo de sobrevida.  Nos últimos 20 anos, pessoas sem a síndrome tiveram um ganho de sobrevida de dez anos, isto é, a expectativa de vida passou de 60 para 70 anos. Nesse mesmo período, a sobrevida na população com síndrome de Down foi de 25, 30 anos para 60, 65 anos. Portanto, elas ganharam 30 anos de sobrevida com qualidade graças à atenção médica e da família que passaram a receber…

… Todos nós esperamos ter um filho o mais perfeito possível, o mais inteligente e mais bonito, e desejamos a ele tudo aquilo que somos e muito mais. Quando nasce uma criança com qualquer disfunção ou malformação, sobre a qual tenhamos estabelecido um conceito anterior de que é uma situação lesiva, o sentimento inicial é de perda, de luto. Perdemos o envolvimento com o futuro do nosso filho e perder o futuro é uma coisa extremamente delicada. Ao receber a notícia, os pais perdem o alicerce de estrutura da família. Com frequência, eles se queixam da forma como ela foi dada. Entretanto, é importante frisar que é muito difícil dar uma notícia tão delicada e com tamanha repercussão social e de futuro para a família que, de fato, se desestrutura nos primeiros dois meses, mas depois, progressivamente, vai observando que a criança com Down, como todas as outras, tem potencialidades que precisam ser estimuladas. Eventualmente, em alguns casos, a família pode precisar até mesmo de apoio psicológico…

… Somos pessoas que vivemos atrás de modelos. Isso significa que, diante de um modelo adequado, pertinente, provavelmente iremos imitá-lo. No que diz respeito à criança com Down, o primeiro ponto é entender que ela tem peculiaridades específicas que demandam atenção especial. Por isso, terá de fazer fisioterapia, fonoaudiólogo, terapia ocupacional, por exemplo. Como as outras crianças, porém, deve receber alimentação adequada, o seio materno, se possível, e suporte básico preventivo pediátrico e clínico. Quando chega a hora de ir para a escola, a pergunta é: que tipo de escola? As escolas especiais têm pertinência para casos muito delicados de autocomprometimento que exijam a atuação profissional especializada. A grande maioria, porém, deve ser matriculada numa escola comum, porque crianças com Down têm potencialidades que precisam ser trabalhadas. O que não pode ser exigido delas em sala de aula é que tenham capacitação didática igual à das outras crianças. Não se deve esperar que aprendam exponenciais e frações, por exemplo. O enfoque deve estar na socialização e na oportunidade de serem alfabetizadas. O mais importante é cobrar-lhes situações de vida comum, de vida social a fim de habilitá-las para o convívio com a sociedade. Assim, sairão fortalecidas e por si só alcançarão situações sociais de lazer, de trabalho, de amor, de carinho, e estabelecerão vínculos sociais. Não podemos marginalizar essas crianças. Marginalizar significa colocar para fora, excluir e a intenção hoje é incluí-las num contexto de convivência. Nós, os mais velhos, ainda carregamos muitos preconceitos, porque não tivemos a oportunidade de conviver com pessoas com Down na escola.”

Agora, aparecem políticos que não fizeram nada para melhorar as escolas públicas para adequarem suas estruturas e seus profissionais para inclusão dos especiais, junto às escolas regulares, com esse discurso demagogo de findar com as APAES e “jogarem” esses seres especiais e iluminados na rede de educação pública que não funcionam a contento nem mesmo para o ensino normal.

Concordo e espero chegar o dia em que as escolas públicas regulares estejam preparadas para receberem esses alunos especiais, mas abordar o assunto hoje, quando não temos nem professores suficientes e adequados para a educação regular, como podemos pensar em “jogar” os alunos especiais nesse cenário, sem que haja os profissionais necessários e as condições de instalação ideal para recebê-los?

Posso exagerar, mas sou capaz de dizer que nenhuma escola pública do interior do país, tem condições de receber e dar tratamento digno a esses alunos especiais.

Ao invés de mobilizarem para acabar com as APAES, fariam um grande serviço à sociedade se dedicassem seu tempo de representante do povo, para buscar a melhoria e adequação das estruturas das escolas públicas, e quem sabe num futuro não muito distante, os heróis das APAES poderão apoiar a inclusão dos alunos nas escolas regulares e destinar seus preciosos tempos a ajudarem outras minorias ou até mesmo auxiliar nesse processo, mas no momento, sinceramente Vossas Excelências, respeitem a sociedade e vão procurar o que fazer.

Luizão – Personalidade de Marcelândia. “Fruto da APAE”
Em nome no meu “afilhado” Luiz Carlos Gonçalves, 48 anos, o Luizão, uma das personalidades mais queridas e conhecidas de Marcelândia, um dos primeiros alunos na APAE daquela cidade, que hoje reside e continua estudando na APAE de Sinop, que segundo sua família me confidenciou certa vez, tinham expectativa de vida de 25 a 30 anos, antes da APAE e após ser fundado a entidade na cidade de Marcelândia, foi e é um dos exemplos a ser considerado para afastar qualquer proposta destes imbecis que infelizmente foram investidos no cargo político através de nossa procuração via voto, peço a você eleitor e eleitora: 

Investiguem quem apoia essa proposta ridícula e sem noção, e não votem nesses candidatos e os mandem de volta para casa, ou para qualquer outro lugar de onde não deveriam ter saído.

Não esqueçam, se acontecer o pior, a culpa será sua que não fez nada.

Antonio CASSIANO de Souza.
Acadêmico de Direito e Assessor Parlamentar
Cuiabá/ Marcelândia – MT 

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