De um lado está Tite, um treinador conhecido por falar, falar e não dizer muita coisa. De outro, Cuca, que já foi chamado de depressivo pelo presidente do Fluminense, quando foi demitido da equipe em 2008. Em comum, os dois têm a responsabilidade de levar seus times ao título do Campeonato Brasileiro de 2010.
No próximo sábado (13), às 19h30, eles decidem no Pacaembu quem continua na briga pela ponta com o time de Muricy Ramalho.
A diferença entre os comandantes de Corinthians e Cruzeiro pode ser claramente vista no discurso de ambos ao comentarem sobre assuntos que podem fazer a diferença na reta final do Brasileirão.
Enquanto Tite fala sobre possibilidades e evita fatos concretos, Cuca se pega muito ao passado, e mostra que demora para esquecer as coisas.
Para falar sobre o possível “corpo mole” de algumas equipes nas últimas rodadas do Nacional, Tite é "profundo". O técnico é conhecido de longa data por usar frases de efeito e por dar explicações que muitas vezes mais confundem do que explicam.
– Não vou julgar ninguém. Acredito na grandeza dessas pessoas e de seus clubes. Elas têm a responsabilidade por sua conduta. A gente sabe da história de todos esses profissionais.
Sobre o mesmo assunto, Cuca foi para um lado mais realista, mais pessimista. Afirmou que o “corpo mole” pode prejudicar os profissionais que são envolvidos e acusados.
Puxou na memória o exemplo de uma partida entre São Paulo e Juventus, pelo Campeonato Paulista de 2004, em que o Tricolor venceu e ajudou o Corinthians a ficar na primeira divisão do Estadual.
– O Corinthians perdeu e, pelo resultado do São Paulo, ficou na primeira divisão do Campeonato Paulista. Não acredito em entrega. Essas coisas marcam o profissional de forma negativa.
Já para falar sobre clássicos e jogos importantes neste Brasileirão, Cuca defende que sua equipe deve fazer jogos “memoráveis”. A expectativa do treinador é tão grande para o jogo contra o Corinthians que uma derrota pode deixá-lo "perdido".
– Você não vai ser campeão ganhando jogos comuns. Conheço bem o Pacaembu, sei da força da torcida do Corinthians. A gente tem que se preparar para todas essas dificuldades, porque, se temos ambição de ser campeão, terão que existir jogos memoráveis.
Tite, porém, toma a linha contrária. Apesar de achar que é importante ganhar partidas decisivas, o treinador filosofa. Diz que muitas vezes a vitória em jogos decisivos acontece quando o adversário joga melhor.
– Quando há um jogo importante entre duas equipes de alto nível técnico, sua equipe não vai dominar o tempo todo. Há momentos em que o adversário vai ser melhor, seja com velocidade ou posse de bola.
Para finalizar, uma frase de cada um após a última rodada do Brasileirão. Depois da vitória por 2 a 0 sobre o São Paulo, Tite afirmou que estava feliz e agradeceu a todos.
– O Corinthians venceu o clássico de forma consistente, com ajuda de todos, como jogadores, diretoria, torcida e comissão técnica. É por isso que estamos felizes.
Cuca afirmou que o 1 a 0 sobre o Vitória era a “vitória da retomada”. Mas mesmo em um momento de celebração, ele relembrou a derrota por 2 a 0, em casa, para o São Paulo, na rodada anterior.
– É a vitória da retomada. Quando você perde um jogo decisivo em casa, como foi contra o São Paulo, ou você retoma suas possibilidades de título no jogo seguinte, ou se despede, devido às dificuldades.
No sábado, apenas um dos dois sairá contente. Em caso de vitória do Flu sobre o Goiás, no domingo (14), um empate pode deixar Tite e Cuca preocupados com o título.