A obra do estádio do Corinthians não tem um projeto final. E nem vai ter. A construção usa um sistema que determina o projeto de acordo com a evolução dos trabalhos, e coloca vários processos em paralelo. O método é considerado mais arriscado por engenheiros e, se não for bem feito, pode fazer a obra atrasar e aumentar o custo.
O engenheiro supervisor do Fielzão, Carlos Pereira de Magalhães, afirmou que o estádio usa um método chamado de “fast-track” (caminho rápido, em inglês). Com esse modelo, o projeto vai sendo desenvolvido simultaneamente com o andamento dos trabalhos.
Magalhães diz que o projeto está algumas fases adiantado em relação à obra.
– O que já tem [no projeto] contempla todas as exigências da Fifa para um estádio de abertura de Copa do Mundo.
A coordenadora dos cursos de engenharia do Complexo Educacional FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas), Marise Miranda, explica que a técnica faz várias etapas do projeto avançarem em paralelo. Ela compara o método com a chamada engenharia simultânea, usada pelas montadoras de veículos.
– O fast-track encurta o caminho, o que implica em uma série de fatores críticos, como a entrega de material, por exemplo.
Ela ressalta que a construção civil está suscetível a fatores externos, como chuvas, que podem pôr a perder todo o projeto. A especialista, no entanto, se diz otimista com as obras do Fielzão.
– A técnica significa que o pessoal está bancando riscos, está com certeza de que vai dar certo. Acho que a engenharia brasileira vai dar um show na Copa do Mundo.
Isenção Fiscal
Para sair do papel, o Fielzão precisa de uma “ajuda” da prefeitura” e que ela aprove um pacote de isenção fiscal de R$ 420 milhões que está sendo analisado na Câmara.
A isenção fiscal ainda precisa ser aprovada pela câmara municipal de São Paulo. O R7 ouviu especialistas em finanças públicas, que afirmam que este tipo de incentivo é dinheiro público.
Com esse valor de R$ 420 milhões, seria possível construir 787 unidades de saúde, de acordo com dados do Ministério da Saúde, ou então 420 creches ou mesmo 100 escolas de ensino fundamental, segundo a Secretaria Municipal de Educação. Nesses itens, as realizações da prefeitura estão aquém das promessas de campanha da reeleição de Kassab, em 2012.
Detalhes
O engenheiro do Fielzão expôs detalhes do projeto durante uma audiência pública organizada pelo Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) de São Paulo.
O estádio vai ter 4.700 vagas de estacionamento. O deslocamento por essas vagas será feito por pistas de sentido único, que segundo Magalhães, facilitam o deslocamento dos veículos.
O acesso ao estádio será feito por vários pontos. Para chegar às arquibancadas, o torcedor terá que subir um número pequeno de escadas.
A estrutura poderá receber 45 mil torcedores. Para chegar aos 70 mil exigidos pela Fifa para que o estádio possa sediar o jogo de abertura, serão usados módulos removíveis. Segundo Magalhães, estudos mostram que um estádio raramente precisa de mais do que 40 mil lugares, mesmo em jogos decisivos.
– A televisão, a internet e o pay-per-view tiram o torcedor dos estádios. Não adianta fazer área para mais gente que não vai ser usado.
As arquibancadas removíveis serão colocadas atrás das traves, que estarão no sentido norte e sul. Essa escolha foi feita para que nenhum dos times seja prejudicado pelo sol.
– Essas arquibancadas serão de aço. O torcedor nem vai notar a diferença entre a estrutura removível e as arquibancadas fixas.
Os camarotes VIP estarão no lado oeste do estádio, a área mais privilegiada para ver as partidas em razão da posição do sol – os jogos de futebol no Brasil são geralmente realizadas no final da tarde.