Família vive momentos de terror durante sequestro

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Além das belezas naturais, Chapada dos Guimarães também está ganhando destaque pela violência crescente. O casal Francisco Marcandeli e Mara Lucia Carnevale, e o filho, menor de idade, moradores do bairro Bom Clima, passaram por momentos de medo e terror ontem à noite, quando foram vítimas de um sequestro. Dois bandidos armados, um deles identificado como Maurício Quintino de Campos, 25, invadiram a residência por volta das 20h40 e renderam os três moradores. 

O casal foi observado durante toda o dia de ontem, uma vez que os sequestradores, moradores de Poconé, arrombaram a casa vizinha, cujos locatários moram em Cuiabá, e fizeram campana. Eles entram pelo telhado na madrugada de terça e permaneceram na casa durante todo o dia, até o anoitecer, para fazer o sequestro.

Enquanto fechava a porta da sala, Francisco foi rendido pelos bandidos, um portando um revolver calibre 38 e outro um facão. Neste momento, eles ameaçaram: "não grite se não eu mato".

Em seguida, entraram na casa e mantiveram Mara e seu filho sob a mira do revolver, enquanto o outro bandido subiu para os quartos onde vasculhou tudo em busca de dinheiro. Como o casal não guardava valores em espécie, os meliantes mandaram Mara ir até uma agência bancária sacar R$ 1,5 mil. No entanto, o município não possui caixa eletrônico funcionando à noite.

Dessa forma, os bandidos armaram um plano, cujo objetivo era que Mara fosse até Cuiabá sacar o dinheiro. Eles planejaram o seguinte: a família seguiria até o Trevo do Manso em seu veículo, um Corolla Prata, juntamente com um dos bandidos, e outro seguiria atrás com uma moto que havia sido roubado no vizinho.

No entanto, a moto falhou e todos se dirigiram ao trevo no mesmo carro, Francisco ao volante, com o bandido armado ao lado e Mara e o filho com o bandido que estava com o facão no banco de trás.

No local, o filho ficaria de refém, enquanto Mara e Francisco seguiram para Cuiabá, para sacar o dinheiro e resgatar-lo. Depois de muito diálogo, Mara conseguiu convencer os bandidos a deixar o filho ir com ela e o marido ficar de refém. 

Tiroteio

Ao chegarem no trevo, o marido e os sequestradores desceram do carro. Ela e o filho seguiram em direção a Cuiabá.

Como havia conseguido pegar o celular escondido dos sequestradores, e colocá-lo na bolsa, Mara ligou para seu irmão e informou o que estava acontecendo, além de pedir ajudar para conseguir o dinheiro para o resgate de Francisco.

O irmão orientou-a ir até sua residência e de lá ligaram para um amigo delegado, que acionou o Grupo de Operações Especiais da Polícia Civil (GOE) e pediu que Mara fosse até a Polinter, onde montaram um plano para resgatar Francisco.

O responsável pela operação foi o delegado Marcos Veloso, que acionou outros policiais e se deslocaram até o Trevo do Manso. Cerca de oito policiais, alguns inclusive a paisana, foram até o local, em motos e carros.

De longe, o grupo avistou os sequestradores e a vítima próxima ao acostamento, e se aproximaram. Ao dar ordem de prisão, o bandido armado disparou e começou um tiroteio. Um dos ladrões foi atingindo e encaminhado para o Pronto Socorro de Cuiabá, e o outro fugiu a pé na mata. Francisco foi resgatado.

O caso foi registrado no Centro Integrado de Segurança e Cidadania (Cisc) Planalto. As investigações deverão ser realizadas em parceria com a Delegacia de Chapada dos Guimarães.

"Momentos horríveis"

Em entrevista ao MidiaNews, nesta quarta-feira (20), Mara Carnevale reafirmou o acontecido e disse que sua família estava viva em função da calma que teve juntos aos ladrões, e além do trabalho realizado pela polícia. Ele contou que viveu "momentos horríveis", mas que a todo o momento pedia calma e conversava com os bandidos, para passar confiança e tranquilidade.

"No início, eles estavam muito agressivos, no entanto, não consegui identificar se estavam bêbados ou drogados, mas em função do tempo que passamos juntos, fui conversando com eles, e passando confiança, para que acreditasse que eles iam sair bem e nós também. Tentava mostrar a eles que poderiam levar o que quisesse, pois o importante era nos deixar vivos", afirmou.

Mara contou ainda que outros sequestros com famílias, com o mesmo "modus operandi", foram registrados em Chapada dos Guimarães. Ela fez um alerta sobre a falta de policiais no município, que traz a sensação de insegurança e, ainda o fato de a cidade possuir muitos terrenos baldios e não ter iluminação pública nas ruas.

"É preciso criar uma Polícia Comunitária, aumentar o efetivo de policiais e fazer mais rondas pela cidade. Além disso, a prefeitura precisa tomar as providências com relação aos terrenos baldios e a iluminação. Não podemos ficar a mercê de bandidos e passar por situações como essa", desabafou.

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