Gaeco acaba de informar que houve mais prisões. Além da ex-primeira dama do Estado, Roseli de Fátima Meira Barbosa, estão presos Nilson da Costa e Faria, Rodrigo de Marchi e Silvio Cezar Correa Araújo (ex-chefe de gabinete do então governador, Silval Barbosa).
De acordo com o Gaeco, a 1ª fase da fraude consistiu na criação fictícia de instituições privadas sem fins lucrativos para executarem convênios de demandas vinculadas ao fomento do trabalho e assistência social no Estado. Esses convênios eram firmados com institutos de fachada. Além do superfaturamento dos valores dos serviços a serem executados, foram constatadas a ausência de execução física do contratado e prestação do serviços de péssima qualidade.
O próximo passo, conforme o Gaeco, era o recebimento dos valores e a devolução de propinas entre os envolvidos. Parte do dinheiro foi destinado para o pagamento de dívidas de campanhas eleitorais. Em um dos casos apontados na ação, o chefe de gabinete do então governador Silval Barbosa, que é esposo da denunciada, quitou uma dívida de R$ 418 mil com o empresário colaborador mediante retenção de propina.
(Atualizada às 16h40) O Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), composto por promotores de Justiça, delegados, policiais militares e civis, cumpriu nesta tarde um mandado de prisão preventiva contra a ex-primeira dama do Estado, Roseli de Fátima Meira Barbosa, na cidade de São Paulo (SP). Outros mandados de prisão estão sendo cumpridos nesta quinta-feira (20).
As prisões são resultado da operação “Ouro de Tolo”, deflagrada nesta quinta. Segundo o Gaeco, investigações complementares apontaram os crimes cometidos na Secretaria Estadual de Trabalho e Assistência Social (Setas), durante a gestão da ex-primeira dama. Um acordo de delação premiada feito pelo empresário Paulo César Lemes, dono da Microlins, ajudou o Ministério Público avançar nas investigações.
Além da expedição de mandados de prisão em desfavor dos nominados líderes da organização criminosa instalada na Setas, também foi decretado o seqüestro judicial de inúmeros bens imóveis da esposa do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) que é desdobramento da Operação Arqueiro deflagrada em abril de 2014 para desmantelar um esquema de fraude envolvendo 3 institutos e servidores da Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social (Setas/MT), pasta que era comandada por Roseli. De acordo com investigações preliminares, foram pagos R$ 20 milhões para a execução dos programas.
Reprodução/TJMT Lista dos réus na ação penal que tramita na 7ª vara criminal |
Ainda na gestão Silval Barbosa foi determinada a colaboração dos gestores da Setas e da Auditoria Geral do Estado (AGE) para a descoberta de possíveis irregularidades. Roseli Barbosa foi denunciada pelo Ministério Público e desde março deste ano é ré numa ação penal juntamente com outras 31 pessoas. O processo tramita na 7ª Vara Criminal de Cuiabá, sob a juíza Selma Rosane Santos Arruda. Ao grupo, são imputados os crimes de organização criminosa, corrupção, peculato, lavagem de dinheiro e uso de documentos falsos. Segundo o MPE, o desvio na Setas chega a R$ 8 milhões.
Erros em apostila e ridicularização
As investigações começaram em abril de 2013, após a divulgação de erros graves em apostilas que eram utilizadas nos cursos de capacitação em hotelaria e turismo promovidos pelo governo do Estado. A história de 4 municípios de Mato Grosso era contada de forma pejorativa, distorcida e utilizando palavras de baixo calão. Uma análise do material mostrou que as histórias foram retiradas de um site de humor, a “Desciclopédia”, sem que houvesse o mínimo cuidado com o material. Ao todo, 40 apostilas foram recolhidas depois da denúncia.
Indenização de R$ 20 milhões
Na ação, o Ministério Público também pede a condenação dos réus a uma indenização por danos morais coletivos no valor de até R$ 20 milhões em prol dos municípios de Barão de Melgaço, Cáceres, Poconé e Santo Antônio de Leverger que foram alvos de chacota e ridicularização em apostilas usadas pelo governo do Estado para “qualificar” pessoas que estavam de olho nas oportunidades de trabalhar durante a Copa de 2014.
Silval Barbosa se manifestou por meio de nota sobre a prisão de sua esposa.
Confira a íntegra
NOTA DE ESCLARECIMENTO
O ex-governador Silval Barbosa (PMDB) soube há pouco da prisão de sua esposa, a ex-primeira-dama Roseli Barbosa, na tarde desta quinta-feira (20), em São Paulo. Silval Barbosa estava em Cuiabá no momento da prisão e, neste instante, está a caminho da capital paulista para acompanhar o desdobramento da prisão.
Barbosa afirmou ainda que não deverá fazer nenhuma declaração neste momento até conhecer os motivos e detalhes da prisão. “O que posso dizer é que confiamos na justiça, mas vamos combater os excessos, pois acredito que a prisão é desnecessária, uma vez que a Roseli não participou de nenhum esquema na Secretaria”, finalizou. Ainda não há informações para onde a ex-primeira-dama será encaminhada.