Um dos cursos mais concorridos do País, medicina se destaca pela dedicação exigida dos alunos e do preparo para o profissional exercer a profissão após formado. As recentes mudanças propostas pelo governo federal na formação em medicina, por meio do programa Mais Médicos, ainda podem surtir efeito na busca por este curso. Estes efeitos, porém, ainda serão observados a longo prazo, segundo especialistas ouvidos pelo R7.
Para atender a esta demanda de alto preparo requerido dos alunos os cursos preparatórios, também chamados de cursinhos pré-vestibular, costumam criar turmas específicas, ou com dedicação maior a matérias relacionadas à área.
Segundo Elcio Bertolla, coordenador das unidades Pinheiros e Morumbi do preparatório CPV, os alunos que buscam estas turmas são aqueles que querem estudar com mais vigor.
— O aluno que busca este curso é aquele que diz “eu quero me preparar de uma maneira mais intensa”.
A diferença principal entre as turmas com foco em medicina e as demais não é tanto o conteúdo apresentado, mas sim a carga horária, lembra Bertolla. Porém, a quantidade de aulas não pode ser excessiva, ressalva o professor, caso contrário, o desgaste do aluno pode ser maior.
— Você aumenta um pouco a quantidade de aulas, mas não muito, pois se você aumentar demais, não há tempo para o aluno estudar. O que vai colocar este aluno na faculdade é o tempo individual de estudo dele. Ele precisa estudar, praticar, tirar suas dúvidas. E ele só fará isso estudando individualmente.
Bertolla ainda lembra que, em média, um aluno estuda de dois a três anos em um cursinho pré-vestibular antes de entrar na faculdade de Medicina. Joseph Elias Benabou, professor de química do Anglo Vestibulares, também divide a mesma opinião sobre o assunto.
Benabou, que também é médico, lembra que a preparação para os cursos da área de biomedicina costuma ter uma carga maior nas matérias de português, redação, química, física e biologia. Isso se aplica à Fuvest, que é a prova que seleciona para os cursos de medicina da USP (Universidade de São Paulo) e da Santa Casa de São Paulo.
— [Na segunda fase do vestibular,] o aluno não presta a área de humanas, matemática, por exemplo. O curso [preparatório], na realidade, tem um número de aulas maior das áreas que o aluno irá prestar.
Ambos os professores destacam que a preparação para os principais vestibulares para ingresso no curso de medicina no País não muda significativamente. A preparação para todas as áreas se diferencia levemente pelo teor da segunda fase, uma vez que o vestibular para todos os cursos é o mesmo: a Fuvest para os cursos da USP, a prova da Vunesp para a Unesp (Universidade Estadual de São Paulo) ou o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) para o ingresso nas universidades federais.
O professor Benabou lembra aos alunos que vale a pena insistir no cursinho para se entrar na faculdade desejada. Segundo ele, muitos alunos prestam vestibular em diversas universidades, com o simples objetivo de “entrar”.
— Muitas vezes os estudantes acabam entrando onde conseguem. Nem sempre eles almejam entrar em uma faculdade e ter orgulho de entrar nesta faculdade específica.
O médico e professor reforça que vale ao aluno traçar seu objetivo e estudar para entrar naquela universidade almejada. Caso não passe, deve insistir para conseguir aquilo que lhe for melhor, mesmo que precise ficar mais tempo no cursinho, para que possa dizer que “teve orgulho de estudar ali”.
A FCMSCSP (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo) mantém o programa Santa Casa de Portas Abertas, com o qual alunos do Ensino Médio e pré-vestibulandos interessados em ingressar no curso podem visitar a faculdade e, por meio de palestras, obter mais informações sobre o curso e a carreira.
Segundo José Eduardo Lutaif Dolci, diretor do curso de medicina da FCMSCSP, esta visitação dura o dia inteiro, e apresenta aos interessados as dependências da Santa Casa, o que faz um médico, como é a vida dele etc.
— Falamos, inclusive, quanto ganha um médico, mostramos o hospital, os alunos vão conhecer as enfermarias, vão conhecer o pronto socorro. Isto tem sido muito legal, pois muitos alunos que estão no colegial têm dúvida, não sabem, têm um parente que é médico, e escolhem fazer Medicina, mas não sabem exatamente o que é.
