Mesmo sendo um crítico assíduo do governo da presidente Dilma Rousseff (PT), o governador Pedro Taques (PDT) revelou não concordar que o PDT deixe a base aliada, embora o mesmo tenha defendido a medida. Esta seria uma das estratégias da sigla para manter o chefe do executivo na legenda.
“Eu tenho muitos defeitos e poucas qualidades, mas eu não abandono o barco quando ele está afundando”, pontuou, ressaltando que “desde que fui eleito senador, defendi que o PDT saísse da asinha do PT. Minha posição é a mesma, quem mudou foi parte do PDT”.
O posicionamento da legenda será discutido em uma reunião da executiva nacional prevista para ocorrer na primeira quinzena maio. E, justamente por conta da postura de Taques, o encontro vem sendo considerado como uma das medidas adotadas no sentido de mantê-lo filiado ao partido.
Disputado – Desde de seu rompimento com o presidente do PDT em Mato Grosso, o deputado estadual Zeca Viana, o governador vem recebendo convites para aderir a outras legendas. Pelo menos, seis já o teriam assediado, entre elas o PSB, de seu aliado de primeira hora, o prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes, e o PSDB, que apoiou sua candidatura ao governo e recebeu em troca apoio à campanha à Presidência da República de Aécio Neves no ano passado.
Taques, no entanto, vem tratando do assunto com discrição, evitando demonstrar qual tendência deve seguir: permanecer ou sair do PDT. Questionado diretamente sobre essa decisão pela reportagem de A Gazeta, se limitou a responder que “todo mundo sabe que estou descontente no PDT”.
Quanto ao motivo do descontentamento, o governador sustenta não se tratar de uma questão pessoal, mas ressalta não concordar com o posicionamento que Zeca Viana vem adotando nos últimos tempos.
“No tocante ao deputado Zeca Viana, eu o respeito, mas penso que política tem limites. Eu faço política com decência. Eu faço política sem querer perseguir quem quer que seja. Agora, eu não sou vaquinha de presépio. Eu não sou daqueles que aceita todas as opiniões e o eleitor votou em mim por causa disso. Não estou levantando nenhuma suspeita sobre a idoneidade do deputado Zeca Viana. Quero deixar bem expresso isso. Só que ele tomou algumas atitudes com as quais eu não concordo”, disse.
Segundo Taques, a questão mais pontual é ainda a eleição para a presidência da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa. Enquanto ele defendia uma chapa que não contasse com a presença do deputado estadual Mauro Savi (PR), que foi primeiro-secretário durante o período em que o ex-deputado José Riva (PSD) presidiu a Casa; Zeca Viana defendeu a candidatura do republicano sob o argumento de garantir o apoio da oposição ao governo que se iniciava, ou seja, a governabilidade.
À pergunta sobre a possibilidade de essa situação ser contornada, Taques respondeu: “o futuro a deus pertence, como dizem os políticos”. (Com informações de Laura Nabuco, repórter do jornal A Gazeta)