Especialista alerta para os perigos do diagnóstico tardio

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A divulgação da luta do jovem Oziel de Oliveira, 22, morador de Lucas do Rio Verde (320 km o Norte de Cuiabá) e que tem um raro tipo de câncer bucal, relatado  na semana passada, chamou a atenção do dentista Arlindo Aburad. Em entrevista ao site ele fez um alerta sobre os perigos que um diagnóstico tardio pode causar a uma pessoa. 

Aburad é doutor em Patologia Bucal pela Universidade de São Paulo (USP) e atua como patologista do Hospital do Câncer de Mato Grosso. O patologista alertou que uma simples ferida na boca, se não tratada corretamente, pode se transformar em câncer e devastar a vida de uma pessoa, como ocorreu com Oziel. Saiba mais AQUI

O especialista disse que somente o diagnóstico precoce da doença pode evitar sequelas graves no rosto. Mesmo com a gravidade do caso de Oziel, Aburad lembrou casos de outros pacientes, que poderiam ser tratados rapidamente e não o foram por falta de diagnóstico na fase inicial da doença. 

“Geralmente, o dentista extrai o dente e não encaminha o material colhido da boca de seu paciente para o diagnóstico. Há casos em que o profissional até percebe algo errado na hora de retirar o dente, mas considera que está diante de uma lesão banal e também não encaminha o material para análise e diagnóstico”, afirmou. 

De acordo com Aburad, o grande problema é que, quando o dentista operou Oziel, o câncer de boca provavelmente já existia, mas não foi avaliado corretamente. Com o diagnóstico tardio, os tumores já estão grandes e comprometem extensas regiões da boca e da face. Em casos mais graves, os pacientes morrem antes mesmo de começar o tratamento. 

“Há diversos relatos de pacientes, que ficaram com o rosto desfigurado ou perderam a voz, que mostram a consequência psicológica também do diagnóstico tardio”, disse. 

O doutor enfatizou que pacientes devem ir ao dentista, ao menos uma vez por ano, e não é apenas para ver se têm cáries ou doenças inflamatórias na gengiva. Mas para checar se tem alguma lesão na boca que pode ser câncer. “O dentista deve avaliar todos os tecidos da boca do paciente, e não somente os dentes, como acontece na maioria das vezes”, explicou. 

Além disso, segundo ele, o dentista deve fazer o exame preventivo conhecido como citologia esfoliativa — o mesmo realizado para o diagnóstico precoce do câncer de colo uterino. Se o dentista não sugerir o exame, o paciente pode pedir para fazê-lo. 

“O exame deve ser feito, até mesmo, quando não há nenhuma lesão clinicamente visível para um diagnóstico seguro. Se for identificada alguma lesão, o profissional tem de fazer uma biópsia imediatamente ou encaminhar o paciente para que esse procedimento seja feito por um profissional preparado para isso”, disse Aburad. 

Caso Oziel 

O jovem Oziel de Oliveira, 22, morador de Lucas do Rio Verde revelou, em entrevista, que o câncer em sua boca começou com uma cárie esponjosa em um dente. A família o trouxe até Cuiabá para fazer um diagnóstico, mas o tratamento não foi eficiente. O médico (nome não revelado) apenas receitou um bochecho três vezes ao dia e antibiótico. 

A situação se agravou e Oziel teve que se tratar em São Paulo, onde foi descoberto que ele possuía um tipo de câncer muito raro. Nessa época, ele já estava com 12 anos. Ao longo desses 10 anos, o rapaz fez várias cirurgias para retirar o tumor. Também tentaram fazer enxertos no rosto, mas nada adiantou. 

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