Quem teve mais motivos para comemorar foi Rogério Ceni. Depois de parar em Cássio no domingo e se dizer o principal responsável pela derrota para o Corinthians, o ídolo tricolor teve a chance de ‘lavar a alma’ e não desperdiçou. Desta vez em uma cobrança no canto direito, balançou as redes do São Bento e garantiu a vitória de recuperação tricolor.
O problema é que esse parece mesmo ter sido o único motivo de recuperação. Em campo, a equipe não conseguiu incendiar o jogo em nenhum momento. E a monotonia do jogo acabou deixando o duelo mais interessante para as arquibancadas. De um lado, os torcedores organizados gritaram contra a equipe em vários momentos, pediram raça, cobraram vitória na Libertadores e chegaram até a gritar o nome de Telê Santana. Do outro, os ‘torcedores comuns’ apoiaram o time, gritaram por Muricy e também entoaram um ‘É campeão’.
A torcida organizada, aliás, já havia começado os protestos antes de a bola rolar. Do lado de fora do Morumbi, estenderam faixas criticando os preços dos ingressos e avisando que deixariam o estádio vazio se os valores não diminuíssem. Também criticaram muito o vice-presidente de futebol, Ataíde Gil Guerreiro, que no fim de semana havia dito que as arquibancadas não ficariam cheias nem com os portões abertos.
A promessa das arquibancadas vazias, de fato, se concretizou mais uma vez nesta quinta. Vários setores do Morumbi ficaram completamente desertos.
Para a sorte tricolor, o Campeonato Paulista permite esse tipo de crise. Com rivais que não estão muito à altura, o time tricolor agora soma 20 pontos e lidera o grupo 1 com cinco de vantagem para o segundo colocado – e sete para o terceiro. O próximo compromisso é no domingo, em Campinas, diante da Ponte Preta. A cabeça, porém, promete já estar na quarta-feira que vem, quando a equipe faz sua primeira ‘final’ diante do San Lorenzo pela fase de grupos da Libertadores.
Já o São Bento conhece apenas sua segunda derrota no estadual. O problema é que o time é ‘rei dos empates’: são seis em nove jogos e apenas nove pontos, o que coloca o time de Sorocaba mais perto da segunda divisão estadual do que das quartas de final.
O jogo – De arquibancadas vazias e com protestos do lado de fora, o São Paulo entrou em campo sofrendo para incendiar o ritmo e o clima do Morumbi. Pato, aos 3 minutos, até começou arriscando de longe para tentar a sorte, mas viu seu chute parar facilmente nas mãos de Henao. Aos 10, Kardec caiu na área e até tirou a chuteira para tentar arrancar um pênalti, mas não ludibriou a arbitragem. A melhor chance acabou vindo logo na sequência, dos pés do capitão Rogério Ceni. Em cobrança de falta, ele obrigou Henao a se esticar e mandar para escanteio.
O São Bento se defendia bem, mas deixava a bola completamente nos pés rivais e mal tentava criar chances. Até por isso, acabava sofrendo atrás. Principalmente com a parceira Bastos-Centurión. Na primeira vez que os dois apareceram, Michel cruzou da direita, e o argentino mandou de cabeça à direita do gol. Na segunda, já nos acréscimos, outro cruzamento da direita e outra cabeçada de Centurión, esta parada na trave.
O segundo tempo manteve o mesmo ritmo fraco. O São Paulo passou a arriscar mais da intermediária, mas parava em chutes sem direção ou sem força suficiente para vencer o goleiro Henao. Michael Bastos é quem mais tentava, mas sem conseguir muito sucesso. Na defesa, o time tricolor ainda acabou tomando um bom susto aos 10 minutos, em chute de Giovanni espalmado por Rogério Ceni e aliviado na sequência pela zaga.
Aos 27 minutos, porém, um lance quase que sem muito perigo salvou o São Paulo em campo. Hudson invadiu a área pelo lado esquerda e acabou infantilmente derrubado por Marcelo Cordeiro dentro da área. O juiz marcou o pênalti e deu a Rogério Ceni a chance de se redimir. O goleiro, que no domingo havia perdido um pênalti na derrota no clássico contra o Corinthians, pegou a bola, bateu com calma e colocou a bola no canto direito, desta vez sem chances de nova defesa.
O mesmo Hudson ainda chegou a fazer o único outro lance na partida que levantou os presentes. Aos 35, ele fez uma fila incrível na defesa do time do interior, invadiu a área e ficou de cara para o gol, mas parou em ótima defesa de Henal. O São Bento ainda ficou com um a menos quando Eder Correia foi expulso já aos 45 minutos, mas nada mais aconteceu na partida.
FICHA TÉCNICA:
SÃO PAULO 1 x 0 SÃO BENTO
Local: Estádio do Morumbi, em São Paulo-SP
Data: 12 de março de 2015, quinta-feira
Horário: 19h30 (de Brasília)
Árbitro: José Cláudio Rocha Filho
Assistentes: Alberto Poletto Filho e Eduardo Vequi Marciano
Público: 4.507
Renda: R$ 119.375,00
Cartões amarelos: Denilson e Thiago Mendes (São Paulo); Éder e Marcelo Cordeiro (São Bento)
Cartões vermelhos: Éder (São Bento)
GOLS:
SÃO PAULO: Rogério Ceni, aos 27 minutos do segundo tempo
SÃO PAULO: Rogério Ceni; Auro, Lucão, Edson Silva e Carlinhos; Denilson, Thiago Mendes (Hudson) e Michel Bastos; Centurión (Boschilia), Alexandre Pato e Alan Kardec (Ewandro). Técnico: Muricy Ramalho
SÃO BENTO : Henal; Alex, João Paulo, Wanderson e Marcelo Cordeiro; Renan Teixeira (Éder Loko), Éder, Giovanni (Diego Barboza) e Serginho; Renan Mota (Chico) e Romário.
Técnico: Paulo Roberto