Em dois anos, Temer só falou duas vezes sobre corrupção

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Michel Temer em evento no Palácio do Planalto.© EFE Michel Temer em evento no Palácio do Planalto.

Uma vez foi na Cúpula das Américas, em abril deste ano em Lima, no Peru. O tema do evento era Governança democrática e a luta contra corrupção. Ou seja, era impossível fugir do assunto. Disse Temer naquele encontro: “Não se pode tolerar a corrupção. A corrupção corrói tecidos sociais, compromete a gestão pública e privada, tira recursos valiosos da educação, da saúde, da segurança. O combate à corrupção, portanto, é imperativo da democracia (…)”. A outra ocasião foi quando deu posse, em junho de 2016, a Torquato Jardim no ministério da Transparência, Fiscalização e Controle.

Em declarações à imprensa, o termo corrupção não faz referência ao combate a esse tipo de crime. Só aparece quando algum jornalista lhe faz uma pergunta ou quando ele usou os meios oficiais para descredenciar as acusações que o delator Joesley Batista, empresário e um dos ex-controladores da JBS, fazia contra ele. Disse o presidente: “O governo não atendeu a seus pedidos [de Batista]. Não se sustenta, portanto, a acusação pífia de corrupção passiva”. O levantamento foi feito nos sites do Palácio do Planalto e o Ministério das Relações Exteriores onde são divulgados os pronunciamentos oficiais do chefe do Poder Executivo.

E por que o presidente quase não se manifesta sobre o assunto em um país onde uma das principais preocupações dos cidadãos (eleitores) é exatamente o combate à corrupção? “É quase impossível que o tema seja tratado de uma maneira propositiva, direta, aprofundada, por um Governo, ele próprio, com tantas acusações de corrupção. Então, a melhor tática de comunicação é evitar ao máximo o tema”, opina o diretor-executivo da Transparência Internacional, Bruno Brandão

Só nas últimas semanas, o nome de Temer foi envolvido mais uma vez em escândalos de corrupção. A Polícia Federal suspeita que o presidente tenha lavado dinheiro de propina com reformas em imóveis de familiares e em transações imobiliárias. O alvo da vez é uma das filhas do presidente, a psicóloga Maristela Temer. No fim de semana, o jornal Folha de S. Paulorevelou que parte da reforma de uma casa dela (56.500 reais) foi paga com dinheiro vivo, algo incomum em negociações com empreiteiras. E que esse pagamento foi feito a pedido de Maria Rita Fratezi, a mulher do coronel João Baptista Lima Filho. Esse militar já foi preso preventivamente em uma das operações que envolvem o presidente, é apontado como um dos operadores de Michel Temer e coordenou diversas campanhas dele a deputado federal nos anos 1990 e 2000.

Sempre que as notícias sobre os delitos surgem, Temer rapidamente nega seu envolvimento, diz ser inocente e defende a legalidade de seus atos ou de seus familiares. A citações de seus parentes é o que mais tem afetado o mandatário, segundo seus aliados. Um deles disse ao EL PAÍS que frequentemente o medebista se queixa desse cerco aos seus familiares.

Apesar das negativas do presidente, no Ministério Público Federal, a avaliação é que ele está cada vez mais próximo de ser alvo de uma terceira denúncia criminal. Outras duas foram arquivadas pela Câmara dos Deputados, o que fez com que ele só pudesse ser julgado a partir do fim de seu mandato, em 31 de dezembro.

Comprometimento político

Enquanto o principal mandatário do país, Michel Temer, está envolto em uma série de investigações e acusações, uma campanha quer tentar convencer os candidatos aos cargos de deputado federal e senador a se comprometem com o combate à corrupção. Há uma semana, seis entidades lançaram o movimento Unidos contra a corrupção, que tem como objetivo obter o maior número de apoio de eleitores a um pacote de 70 medidas legislativas que visam a melhoraria do combate a esse delito.

Em uma semana, 5.000 pessoas assinaram o manifesto. Os trabalhos serão intensificados em agosto, quando as candidaturas ao Congresso já estarão formalizadas e os pretensos parlamentares serão convidados a assinarem um termo de comprometimento com as propostas do grupo.

Ao contrário do projeto denominado “Dez medidas contra a corrupção”, dessa vez a ideia não é apresentar uma lei de iniciativa popular, e, sim sugerir diversos artifícios legais que vão desde projetos de lei a até propostas de emendas constitucionais (PECs). “Queremos atacar as causas estruturais do problema da corrupção”, diz o diretor-executivo da Transparência Internacional, Bruno Brandão.

Durante o mês agosto, as ONGs também lançarão um aplicativo e um website para demonstrar quais os candidatos atendem a três critérios que elas entendem como essenciais para um parlamentar: passado limpo, compromisso com a democracia e endosso às novas medidas contra corrupção. As entidades que articulam o movimento são: Transparência Internacional, Contas AbertasInstituto Cidade DemocráticaInstituto EthosMovimento de Combate à Corrupção Eleitoral e Observatório Social do Brasil.


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