O Irã suspendeu a pena de enforcamento contra Sakineh Mohammadi Ashtiani, uma acusada de adultério e homicídio cujo caso provocou uma mobilização global, disse uma deputada iraniana, segundo relato divulgado nesta segunda-feira (17).
Você acha que o endurecimento na relação do Brasil com o Irã pode salvar Sakineh?
Sakineh foi inicialmente condenada a apedrejamento pelo crime de adultério, mas a sentença foi suspensa devido à repercussão internacional. Ela continuava sob ameaça de morte por enforcamento, por ter sido considerada cúmplice no assassinato do marido.
Em carta à presidente brasileira, Dilma Rousseff, a deputada Zohre Elahian, presidente da Comissão de Direitos Humanos do Parlamento do Irã, disse que a pena de enforcamento também foi suspensa, devido a apelos dos filhos de Sakineh.
– Embora a sentença de apedrejamento não tenha sido finalizada ainda, a sentença de enforcamento foi suspensa devido ao perdão [dos filhos dela].
Sakineh foi condenada a dez anos de prisão. Ela foi presa em 2006.
Em julho do ano passado, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva ofereceu asilo à Sakineh no Brasil. O governo do Irã rejeitou a oferta, elogiando o "caráter humano e sensível" de Lula, mas alegando que ele não estava de posse de todos os fatos.
O Brasil tem boas relações com o Irã, e no ano passado tentou mediar um acordo nuclear, rejeitado por potências ocidentais.
Pela lei islâmica em vigor no Irã, o adultério pode ser punido com a morte por apedrejamento, enquanto crimes como homicídio, estupro, assalto, apostasia e narcotráfico resultam em enforcamento.
O caso de Sakineh abalou ainda mais as relações entre o Irã e o Ocidente, já prejudicadas por causa do programa nuclear iraniano, que os EUA e seus aliados temem estar voltados para o desenvolvimento de armas nucleares. Teerã insiste no caráter pacífico das suas atividades.
A Anistia Internacional diz que o Irã é o segundo país que mais usa a pena de morte no mundo, atrás apenas da China. Em 2008, pelo menos 346 réus foram executados.
As autoridades iranianas rejeitam as acusações de abusos aos direitos humanos, e alegam estar seguindo a lei islâmica.