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Dossiês apreendidos na casa do ex-procurador geral da Assembleia Legislativa, Anderson Flávio de Godoi e do advogado Júlio Cesar Domingues Rodrigues, apontam que o ex-presidente da Assembleia legislativa, José Riva (sem partido) teria recebido R$ 4,1 milhões de um toral de R$ 9,6 milhões, decorrentes de uma dívida de um seguro contratado pelo Legislativo, na década de 90, junto ao antigo Bamerindus Companhia de Seguros.
Um dos documentos apreendidos na casa do ex-procurador indicam que a contratação dos serviços de seguro estariam superfaturados. “O laudo extrajudicial mostra isso e, mesmo assim, a Assembleia homologou a contratação. Está evidente que Riva pegou R$ 4 milhões”, disse o promotor Samuel Frungilo.
Segundo ele, ainda na casa de Anderson foi encontrada uma agenda contendo anotações sobre várias reuniões mantida entre José Riva e João Emanuel para tratar do tema Copa do Mundo.
Já o coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), promotor Marco Aurélio de Castro, revelou que a investigação chegou em duas pessoas hoje protegidas pelo instrumento jurídico do foro privilegiado. “Já encaminhamos as provas para o Tribunal de Justiça, que é a esfera correta para dar andamento às denúncias”, destacou.
O próximo passo das investigações é localizar as pessoas beneficiadas pelo esquema de contratação de seguro. “Esta quadrilha saqueou os cofres públicos. Este dinheiro foi pulverizado e já temos pistas dos beneficiados. O Anderson Godoi tinha alertado à época que o caso poderia ir parar na justiça porque estava superfaturado”.
Quanto à suspensão da audiência desta sexta-feira (22), o promotor alega que os advogados têm conhecimento das novas provas, porque os documentos foram apreendidos nas casas dos réus. “As defesas dizem desconhecer, mas é mentira. Esses documentos juntados foram pegos na casa dos denunciados”.
A juíza titular da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Rosane de Arruda, adiou o audiência para às 14h do próximo dia 2 de fevereiro.
Entenda o caso
A Operação Ventríloquo teve início com a delação premiada do advogado Joaquim Fábio Mielli Camargo, que representava o HSBC. Segundo o MPE, o então presidente afastado da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, José Riva, teria determinado o pagamento de uma dívida na integralidade de R$ 9,6 milhões, em face ao banco HSBC, relativa a débitos em atraso da contratação de seguros saúde para os servidores da Casa de Leis, desde que metade do montante fosse desviado para o grupo organizado pelo ex-parlamentar.