José Maria MARIN e Marco Polo del Nero ouviram Marcelo Campos Pinto. O diretor da Globo Esportes foi claro. É preciso acabar com os escândalos no Superior Tribunal de Justiça Desportiva. Casos como o rebaixamento da Portuguesa no ano passado e o do Brasília na Copa Verde, este ano, desmoralizam o futebol. E, mais importante para os três, afastam os patrocinadores.
A lei continuará sendo cumprida. Mas a CBF fará de tudo para antecipar os casos. O TJD mudará sua filosofia. Tentará antecipar, evitar os casos. O contato com os clubes será mais imediato. O uso da Internet e o comprovante de recebimento da lista dos atletas que não podem entrar em campo serão obrigatórios.
O novo presidente do STJD, Caio Cesar Rocha, conversou muito com Marin e Marco Polo. A CBF quer priorizar ao máximo tudo o que acontece dentro de campo. O caso envolvendo o Brasília é ridículo. E vale ser detalhado.
A primeira Copa Verde foi disputada entre clubes do Acre, Amapá, Amazonas, Distrito Federal, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. O campeão ganharia, além do título, uma vaga na Copa Sul-Americana. É um torneio de integração, mais do que justo.
O Brasília e o Paysandu chegaram à decisão. Os paraenses haviam vencido o primeiro jogo por 2 a 1, em Belém. Perderam pelo mesmo placar no estádio Mané Garrincha no Distrito Federal. E acabaram derrotados nas penalidades por 7 a 6. Houve festa, comemoração, volta olímpica. Tudo transmitido pela Globo. A partida aconteceu no dia 21 de abril.
Ads by PlusVid
×
Mas nesta segunda-feira, dia 28 de julho, o STJD deu o título ao Paysandu. E a vaga para a Copa Sul-Americana de 2015. O motivo? O Brasília atuou com quatro jogadores irregulares na decisão. Gilmar, Igor, Índio e Fernando. O detalhe absurdo: eles não foram regularizados por erro da CBF. O clube do Planalto Central enviou a documentação da prorrogação dos contratos a tempo, mas o quarteto não foi inscrito no BID. Inconcebível.
A maior prova da falha da entidade foi a demissão sumária do diretor Luiz Gustavo Vieira de Castro. Ele era o responsável pela administração do BID. Trabalhava na CBF há mais de vinte anos. Caiu graças à essa nova postura da entidade.
Reinaldo Buzzoni ocupará seu cargo. Além de burocrata, ele trabalha como dublador. Sua voz era a dos protagonistas dos FILMES Matrix e da saga Crepúsculo: Neo e Edward.
A credibilidade do futebol brasileiro vem sendo massacrada há anos. O estranho caso de Héverton da Portuguesa no ano passado e o absurdo cometido contra o Brasília agora passaram de todos os limites.
Embora os paraenses já comemorem, o clube do Planalto Central vai recorrer ao pleno do STJD. Até por conta do resgate da credibilidade do que acontece em campo, o Brasília deverá recuperar seu título. O resgate será importante até na relação entre CBF e Globo.
Mas não será apenas prazer o sentimento que envolverá a emissora responsável pela transmissão do futebol no país. Está renascendo depois de três anos uma entidade para defender os clubes. E brigar por cotas mais equilibradas. O Clube dos 13 foi implodido em 2011 quando a Globo corria o risco de perder seu monopólio no Brasileiro.
O presidente do Atlético Mineiro revelou quem e porque implodiu o Clube dos 13.
“O ex-presidente do Corinthians (Andrés Sanchez) desde o início falou que ia sair e detonar (o Clube dos 13). O Andrés Sanchez tinha um estádio prometido para detonar a mesa. Ele ia ganhar um estádio. Estou falando aqui porque ele falou comigo e não pediu segredo. Falei com ele e perguntei: ‘Que sacanagem é essa’. Porque ele é tudo, menos bobo. ‘Kalil, estou ganhando um estádio’. Virei as costas e saí andando. Porque eu também se me dessem um estádio detonava a mesa.” Kalil falou à ESPN.
A partir daí cada clube passou a negociar diretamente com a emissora. Os mais populares, Corinthians e Flamengo, passaram a ganhar bem mais. Hoje recebem R$ 110 milhões. São Paulo ganha R$ 80 milhões. Vasco e Palmeiras, R$ 70 milhões. Santos, R$ 60 milhões. Fluminense, Botafogo, Cruzeiro, Atlético Mineiro, Grêmio e Internacional, R$ 45 milhões. Os demais clubes da Série A, R$ 27 milhões. Os da Série B, R$ 3 milhões.
A distância ficará maior a partir de 2016. Corinthians e Flamengo passarão a receber R$ 170 milhões. O São Paulo, R$ 110 milhões. Vasco e Palmeiras, R$ 100 milhões. Santos, R$ 80 milhões. Fluminense, Botafogo, Cruzeiro e Atlético Mineiro, 60 milhões. E os demais clubes da Série A, 35 milhões. Para a B, o valor passará a ser de R$ 6 milhões.
Os clubes estão aproveitando o clima de mudança, revolução no futebol brasileiro para se juntar. Querem o equilíbrio das cotas. No entender de vários dirigentes, Corinthians e Flamengo são beneficiados demais. Por receberem mais são mais presentes nas transmissões da emissora. Com maior visibilidade, os patrocinadores mais fortes os procuram. Vira uma bola de neve desigual. O presidente do Coritiba, Vilson Ribeiro de Andrade, é o mais ativo até agora.
Em 2009, a divisão era mais justa. R$ 25 milhões para Corinthians, Flamengo, Vasco, São Paulo e Palmeiras, R$ 18 milhões para o Santos, R$ 16 milhões para Fluminense, Botafogo, Atlético Mineiro, Cruzeiro, Grêmio e Internacional.
Os valores aumentaram e muito. Ficaram mais próximos do que acontece no resto do mundo. Só que há muito dirigente querendo abortar os acordos já feitos com a Globo. Principalmente os que valem a partir de 2016. A CBF, com medo de ser o início de uma liga independente, tenta aproximar as equipes revoltosas da emissora. Até que enfim os presidentes de clubes estão percebendo sua força. Entendendo como tudo acontece neste país…