Desempregado, Falcão mostra mágoa com Inter e diz que ‘continua treinador’

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É difícil falar em Paulo Roberto Falcão e não se referir ao Internacional, tamanha a identificação. Contudo, um dos maiores ídolos da história do clube não consegue disfarçar, quase cinco meses depois, a mágoa pela sua demissão em julho. Desempregado desde então, o treinador aproveitou para se atualizar na Europa e não pretende abrir mão da carreira à beira do campo.

Nem que para isso seja necessário continuar “engolindo” os sapos que a profissão está sujeita no futebol brasileiro, onde os clubes produzem talentos com a mesma facilidade que se desfazem dos treinadores.

– É ruim o imediatismo. É como chegar para você e mandar escrever 45 linhas em 15 minutos, senão está demitido.

O sonho de Falcão é assumir uma equipe no futebol brasileiro desde o início da temporada, para impor sua filosofia. Ídolo da Roma na década de 1980, não pensa, ao menos por enquanto, tentar repetir o sucesso que teve em campo fora dele. E nem em voltar aos microfones, na função de comentarista.

– Nunca pensei nisso, não [dirigir a Roma]. O que penso é continuar trabalhando como treinador.

Aos 58 anos, Falcão mora em Porto Alegre e ameniza a mágoa deixada pela diretoria do Internacional, que o demitiu no começo do Brasileirão, com o carinho recebido nas ruas pelos colorados.

– Houve um reforço na nossa relação, o que é muito legal. Ficou muito claro que os motivos não foram os resultados. Ao menos é o que me dizem nas ruas. Foi uma situação gratificante, mesmo com a demissão.

Veja na íntegra a entrevista de Paulo Roberto Falcão ao R7:

R7 – Você deixou o comando do Inter em julho e não assumiu mais nenhum clube. O que tem feito nesses meses?

Paulo Roberto Falcão – Olha, primeiro que eu não deixei o Inter, eu fui demitido. Recebi alguns convites na época, mas resolvi não aceitar. Não preenchiam as minhas exigências para trabalhar. Quero um trabalho com mais consistência. Então, preparei uma ida para Europa, fiz um intercâmbio, acompanho bastante o futebol europeu. Conversei com o Arrigo Sacchi, [técnico da Itália na Copa de 1994 e atual diretor das divisões de base da Azzurra], com o Prandelli [atual treinador da Itália] e com o Mourinho [técnico do Real Madrid].

R7 – Como foi esse contato com o Mourinho?

Falcão – Já conhecia o Mourinho da época que ele dirigia a Internazionale [ITA]. Ele me convidou para ir lá naquela época, mas não consegui. Aconteceu agora, aproveitei a única semana livre do Real Madrid em novembro, uma semana cheia. Conversamos bastante, ele foi muito receptivo. O Kaká também foi bem gentil comigo.

R7 – Na sua viagem à Europa, você conheceu uma realidade diferente ao futebol brasileiro. Lá, no geral, o treinador tem mais tempo para trabalhar e menos pressão. É muito complicado ser treinador aqui no Brasil?

Falcão – Treinador tem de ter um conceito de futebol. Eu tenho um, não sei se é europeu. Tive a felicidade de trabalha lá, jogar pela Roma [ITA], mas sou brasileiro. Antes de assumir o Inter, tive longas conversas com treinadores aqui. Muricy, Mano Menezes, Felipão, sobre como estava o relacionamento com os treinadores. Eu tenho um conceito de futebol e vou sempre tentar tento colocá-lo nos meus times.

R7 – Seria mais fácil treinar a Roma? A propósito, você tem esse sonho?

Falcão – Eu até costumo brincar quando me perguntam qual o meu sonho. Não tenho sonho, fico muito acordado hoje em dia. Nunca pensei nisso, não. O que penso é continuar trabalhando como treinador. Mas é ruim o imediatismo. É como chegar para você e mandar escrever 45 linhas em 15 minutos, senão está demitido. De modo geral, a tendência é não dar certo quando se muda muito. Quero um trabalho desde o início.

R7 – Ao aceitar o convite do Internacional, você se arriscou. Afinal, é um dos maiores ídolos da história do clube. Foi campeão estadual e demitido no começo do Brasileiro. Sabe o motivo pelo fim do seu ciclo?

Falcão – Quando entrei no Inter, o time tinha perdido o primeiro turno do Gaúcho.Precisávamos vencer o segundo turno, que foi contra o próprio Grêmio. Vencemos, depois fomos campeões e, logo depois, ia começar o Brasileiro. Pedi reforços, para qualificar ainda mais o grupo e porque o Nacional é muito longo. Sabia que Juan e Oscar seriam convocados para a seleção sub-20, por exemplo. Não foi possível, não contrataram e, com isso, o Inter perdeu uma grande chance de brigar pelo título. 

R7 – Como ficou o contato com o torcedor colorado após sua saída?

Falcão – Houve um reforço na nossa relação, o que é muito legal. Ficou muito claro que os motivos não foram os resultados. Ao menos é o que me dizem nas ruas. Foi uma situação gratificante, mesmo com a demissão. Mas reforço: se o Inter tivesse contratado dois ou três jogadores, teria grandes chances de ser campeão.

R7 – E como era sua relação com o Fernando Carvalho, homem forte do futebol colorado?

Falcão – Olha, não gostaria muito de falar de Internacional. Ficou muito claro o que foi feito. Então não queria me estender falando nisso, em homens que trabalham no Internacional.

R7 – Recentemente, o Leão (técnico do São Paulo) disse que falta fundamento ao jogador brasileiro. Ele está muito popstar e pouco humilde. Você, como jogador, dominava todos os fundamentos. Concorda com a visão do Leão?

Falcão – Quando assumi o Inter, sempre reuni as comissões técnicas e coloquei o tipo de trabalho que gostaria. Trabalho de fundamento técnico, perna direita, esquerda, cabecear, dominar no peito, trabalhar os dois pés. Quantas vezes a gente vê um jogador perder um gol porque tentou trazer para o pé bom a bola? Na hora de cabecear, testar de olho fechado? Um monte. Isso é para ser corrigido na categoria de base. 

R7 – O Mano Menezes costuma dizer que a seleção brasileira está um nível atrás da Espanha e Alemanha. Você enxerga isso?

Falcão – Concordo com o Mano quando ele diz isso e em outra questão que ele levantou: o Brasil tem grandes jogadores, mas ainda não conseguiu formar um time. Ele está em busca disso. O desafio é esse, fazer da seleção um time. Com um coletivo bom, a individualidade aflora. Se depender só da individualidade, você não tem um time. O Mano está buscando isso e o vejo está no caminho certo.

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