O Palmeiras tem um problema incômodo, que ninguém quer assumir.
E justo na posição onde tradicionalmente sempre foi motivo de orgulho: o gol.
Jurandir, Oberdan, Valdir Joaquim de Moraes, Leão, Zetti, Velloso, Marcos.
Esses foram só alguns que fizeram história no clube.
Bruno não está correspondendo à confiança de Luiz Felipe Scolari e da diretoria.
O goleiro de 28 anos, 1m95, tem se mostrado lento.
O segundo gol do Santos, em um chute fraco de Neymar, ele demorou demais para se esticar atrás da bola.
Há quem diga que também falhou no primeiro, na cobrança de falta do atacante.
Bruno teria titubeado sobre em qual canto Neymar iria cobrar a falta da intermediária.
Já tinha falhado contra Sport e Vasco.
A preocupação é real.
E virou tema de conversa entre os dirigentes.
Bruno não deveria ser o titular do Palmeiras.
Havia a certeza que Marcos teria um grande substituto em Deola.
Só que ele foi muito mal em dois aspectos.
O primeiro influenciou no segundo.
Deola era muito ligado a Kléber.
E lhe deu um perigoso apoio quando o atacante defendeu que o time não entrasse em campo contra o Flamengo.
O volante João Vitor brigou com torcedores na frente do Palmeiras.
Ele havia contado uma versão parcial da briga.
E se colocado como vítima de agressão.
Depois imagens do confronto o desmentiriam.
Só que Kléber comprou sua versão sem questionar.
O atacante tentou organizar um protesto contra a torcida.
Havia também um mal-estar porque os salários estavam atrasando no clube.
Deola ficou ao seu lado e acabou se queimando com Luiz Felipe Scolari.
Mesmo com a saída do atacante, o goleiro continuou indo por um caminho sem volta.
Tentou cobrar os companheiros, gritar como Marcos fazia nos vestiários.
Acabou sem ambiente no clube.
Vieram as falhas no Paulista contra a Ponte e Guarani e Felipão achou melhor se livrar dele.
Foi despachado por empréstimo para o Vitória.
O Palmeiras pôde fazer o que pareceria uma heresia e comprar um goleiro para a Libertadores.
Na reserva de Bruno, o time só tem jogadores inexperientes.
Carlos, 21 anos, Raphael, 24, Fábio, 21, Pegorari, 21.
Na festa de aniversário do Palmeiras, conselheiros importantes reclamavam.
Acreditaram ter sido um grande erro o clube ter liberado Diego Cavalieri.
Ele seria o substituto ideal de Marcos, em opinião quase unânime.
Só que o clube quis ganhar R$ 9,5 milhões que o Liverpool ofereceu por ele.
Cavalieri ficou empolgado com a chance de atuar na Europa.
E também insistiu na sua liberação.
O preparador de goleiros, Carlos Pracidelli, tenta acalmar a todos.
E insiste que vale a pena acreditar em Bruno.
Só que seu discurso não tem eco junto à diretoria.
Os dirigentes acreditam que seja obrigação contratar um goleiro para a Libertadores.
Felipão, que cada dia está mais próximo de renovar, ainda está reticente.
Considera Bruno um jogador importante para o grupo, calmo, amigo de todos.
Em nada lembra o explosivo Deola.
Aliás, ele anda fazendo bons jogos pelo Vitória.
Seu empréstimo termina no final do ano.
Se dependesse de Pracidelli, teria nova chance no clube.
Felipão quer analisar com calma.
Já os dirigentes já são mais radicais.
Pensam de maneira séria em trazer um novo jogador para a Libertadores.
Um goleiro mais experiente, vivido, respeitado no cenário nacional.
Ou até internacional.
Houve um nome mais comentado ontem na festa dos 98 anos.
Aliás, defendido por José Serra, convidado de honra no banquete.
Júlio César da Inter de Milão.
Ele está em baixa, a equipe italiana tenta negociá-lo com o Tottenham ou com o Queens Park Rangers.
Se as transações não derem certo, ele já tem um forte apoio para atuar no Palmeiras.
Seria a velha conversa de estar mais perto para nova chance na seleção.
Mas o certo é que o clube não ficará apenas com Bruno e os garotos para 2013.