Derrame de notas falsas cresce 20% em MT

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A Gazeta


De janeiro a outubro deste ano foram recolhidas 5,722 mil cédulas de real falsificadas em Mato Grosso. A quantidade já supera em 20,4% o número de notas falsas confiscadas em 2015, quando somou 4,750 mil.

Comerciantes estão em alerta quanto às tentativas de fraude nessa modalidade, principalmente com a proximidade das principais datas de apelo comercial do fim de ano, entre elas a Black Friday e o Natal. O balanço é do Departamento do Meio Circulante do Banco Central do Brasil.

O taxista Túlio Ademar, 24, já foi vítima da falsificação de cédulas. Há aproximadamente três anos e seis meses, ele sacou dinheiro em um caixa eletrônico em Cuiabá. Ele reconheceu imediatamente que a nota era falsa, pois foi treinado para isso quando trabalhou por dois anos em um posto de combustíveis.

“Quando peguei a nota e fui conferir, percebi que uma cédula de R$ 50 não possuía a textura comum da nota verdadeira. Imediatamente eu mostrei para todas as câmeras do Banco, para ter como comprovar que aquela cédula era falsa”. Túlio relata que entrou com uma ação por danos morais contra o banco e recebeu indenização de R$ 7 mil, alegando a arbitrariedade da instituição bancária.

A operadora de caixa em uma ótica na Capital, Clécia Pereira, 46, afirma que apesar de estar há dois anos no serviço não teve a experiência de se deparar com tentativas de fraude com notas falsas. “Penso que está mais difícil tentarem passar uma nota falsa em uma loja porque sabem que sempre verificamos se é verdadeira ou falsa”.

Mesmo com toda precaução, Clécia diz que todo cuidado é pouco na hora de lidar com dinheiro. “Afinal, nem sempre estamos com o mesmo nível de atenção e como recebemos pagamento em dinheiro pode ocorrer que uma nota seja falsa e, assim, ser recebida por acaso”.

Letícia Borges, 52, é vendedora e também relata que as tentativas de golpes estão menos comuns, e que desde que começou a atuar em uma loja de calçados no centro da Capital não recebeu nenhuma cédula suspeita. “Depois que o cartão de crédito passou a ser popular, está mais difícil recebermos em dinheiro”.

Fim de ano – O presidente da Associação dos Comerciantes do Centro Histórico de Cuiabá, João Batista, pondera que o último trimestre do ano é mais propício para que os fraudadores tentem aplicar golpes com a prática de cédulas falsas, principalmente, no varejo. “O maior movimento no comércio acaba sendo visto como oportunidade para que notas suspeitas sejam despejadas no mercado e colocadas em circulação”.

Contudo, Batista relata que a técnica infalível é o uso da caneta identificadora de cédulas falsas. “Ao riscar sobre um papel moeda, a caneta não deixa nenhuma marca, porque não produz reação de pigmentação. Mas quando a caneta risca um papel comum, existe a reação química que denuncia a fraude”.

A caneta também é capaz de rasgar o papel comum, se for pressionada contra. Já o papel, moeda por ser mais resistente, não sofre o rasgo. “O comerciante deve ficar em alerta porque esse tipo de técnica, se não for praticada, pode fazer com que a nota falsa passe facilmente despercebida”.

Cuidados – A titular da Superintendência de Defesa do Consumidor em Mato Grosso (Procon), Gisela Simona Viana, explica quais são os cuidados que precisam ser tomados na hora de receber a moeda em papel.

“A conferência tem que ser imediata, na presença do próprio fornecedor, para poder contestar imediatamente ao recebimento, porque se houver constatação que a moeda é falsa após o ato de recebimento, fica mais difícil comprovar a procedência da cédula”.

Gisela também explica que se a cédula falsa for sacada de um caixa eletrônico é importante mostrá-la para as câmeras de segurança, de modo que posteriormente, possa ser cobrada da instituição financeira a troca da cédula. “Infelizmente, dificilmente as pessoas conferem o saque em caixa, pois têm medo das famosas ‘saidinhas’ de banco. Mas esse procedimento é importante para garantir a troca do dinheiro”.

O passo seguinte é o registro do boletim de ocorrência, para denunciar o ocorrido. “Vale ressaltar que o dinheiro sacado em caixa eletrônico também deve ser avisado imediatamente ao serviço de atendimento ao cliente do banco onde ocorreu a operação financeira. Estes meios protegem o consumidor de não ter que responder posteriormente por crime de falsificação”.

O Código Penal Brasileiro considera, nos artigos 289 e 290, que a falsificação de moeda é considerada crime contra a fé pública e pode levar à reclusão de três a 12 anos.

Mais comuns – As cédulas de R$ 100, tanto da 1ª família quanto da 2ª família do real, são as mais falsificadas em Mato Grosso. Ao todo foram recolhidas 2,679 mil notas pela autoridade monetária nacional, o Banco Central do Brasil.

O número correspondeu a 46,8% do total confiscado este ano no Estado (5,722 mil notas). Em seguida estão as notas de R$ 50, que somaram 2,306 mil unidades falsas recolhidas.

No Brasil, foram retiradas de circulação 386,659 mil notas falsificadas entre janeiro e outubro deste ano, 18,4% a menos que no ano passado (473,975 mil).

As cédulas de R$ 100 também foram a maioria no país, sendo 252,168 mil unidades, ou 65,21% do total.
 

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