O deputado Sérgio Ricardo (PR), primeiro-secretário da Assembléia Legislativa, citou a reportagem investigativa exibida no último domingo (13) pelo "Fantástico", da Rede Globo, para reforçar sua posição contra a instalãção de radares e lombadas eletrônicas em Cuiabá. "É o que eu sempre disse e continuo dizendo: trata-se de uma verdadeira indústria de multas para lesar o cidadão", afirmou.
Em 2002, Sérgio Ricardo ajuizou uma Ação Popular que culminou na retirada dos radares instalados em Cuiabá e Várzea Grande assim como a suspensão de todas as multas que haviam sido aplicadas a partir dos registros eletrônicos.
"Por conta desta ação, Mato Grosso é o único estado onde não funcionam estes radares que na verdade são caça-níqueis. A reportagem foi muito feliz ao investigar o tema mostrando um retrato escandaloso de como funciona a indústria das multas no Brasil", afirmou o deputado.
Sob o título "Máfia das multas e lombadas eletrônicas fatura R$ 2 bilhões por ano", a reportagem mostrou fraudes e negociatas por trás das instalações dos radares. Com uma câmera escondida, o repórter Giovani Grizotti se fez passar por funcionário público e negociou com representantes de diversas empresas instaladoras de radares.
"Em todos os casos o que se viu foi corrupção. Pagamento de propinas de até 15%, editais viciados e cláusulas de produtividade para as empresas ganharem mais com as multas. Ficou claro que existe uma máfia por trás destes equipamentos. Em nenhum momento a matéria afirmou que os radares reduzem o número de acidentes", destacou Sérgio Ricardo.
A investigação do "Fantástico" começa em Porto Alegre (RS). Um representante da Engebrás promete pagar propina de até 10%. "Esta empresa é a mesma que operava em Cuiabá quando entramos com a ação na justiça. Na época a empresa aplicou R$ 50 milhões em multas só em Cuiabá", observou o deputado ao lembrar que a reportagem mostra os 50 pontos de maior acidentes registrados no Brasil e que em apenas 3 trechos há implantação de radares. "Eles não estão nem aí para os estudos técnicos o negócio é faturar em cima dos motoristas".
Em São Paulo, estado brasileiro com maior número de radares (4 mil), outra confirmação. Representante de um fabricante de radar confirmou a fraude que permite tirar multas antes que elas sejam enviadas ao Detran.
"Quem for amigo de prefeito e secretários pode fugir das multas. É só esquema. Não tenho dúvida. Quem apoia a instalação destes radares ou está mal informado ou tem algum interesse no caso", ressaltou Sérgio Ricardo, ao afirmar que não irá medir esforços na justiça no sentido de evitar a reinstalação destes equipamentos em Mato Grosso.