Delegado Walter de Melo: desafio da PJC é preparar-se para receber e utilizar toda a potencialidade dos profissionais das gerações futuras

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Raquel Teixeira/Polícia Civil-MT 

Das Minas Gerais para Mato Grosso, este mineiro de perfil discreto e conciliador acredita que o desafio da Polícia Civil de Mato Grosso para os próximos anos é preparar-se para receber e aproveitar melhor as futuras gerações de policiais que vão surgir, utilizando toda a potencialidade dos novos profissionais nas atividades investigativas.

Delegado em Mato Grosso desde 2012, Walter de Melo Fonseca Júnior, 42 anos, trouxe em sua bagagem ao ingressar na Polícia Civil mato-grossense a experiência da carreira de investigador na Polícia Civil mineira, onde permaneceu até 2007 atuando na unidade operacional Patrulha Metropolitana Unificada de Apoio e depois no Departamento de Operações Especiais.

Formado em direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, o mineiro de Patos de Minas passou por diversas cidades do interior mato-grossense logo que iniciou a carreira como delegado e depois veio para a região metropolitana. Atualmente, é titular na Delegacia Especializada de Crimes Fazendários (Defaz).

Pai de três crianças, todas nascidas em Mato Grosso, em dezembro de 2012 ele começou trabalhar no interior do estado, depois da formação pela Academia de Polícia, nas cidades de Sorriso e Nova Ubiratã, onde permaneceu até 2014. Foi em Sorriso que nasceu sua filha mais velha. Durante o período em que foi titular da Delegacia de Nova Ubiratã, o delegado recorda de uma das ações que ganharam bastante repercussão, a Operação Pistolagem Neve Branca, realizada com o Gaeco e a PM, e que culminou com a prisão de dois vereadores do município por tráfico e associação para o tráfico. Durante a investigação sobre o tráfico de drogas em Nova Ubiratã, a Polícia Civil surgiu o envolvimento dos vereadores e um deles cooptava adolescentes para a venda de entorpecente. A investigação apurou ainda que havia a movimentação dos vereadores para que policiais militares fossem removidos do município, diante do trabalho intenso que vinham realizando de combate ao tráfico de drogas.

A partir de 2015, Walter seguiu para outra cidade do interior, Lucas do Rio Verde, onde permaneceu até junho de 2017. Na cidade, nasceu seu segundo filho.

Posteriormente, o delegado foi removido para a região Metropolitana e atuou nas s Delegacias de Rosário Oeste, Nobres, Jangada e na 2ª DP de Várzea Grande. Do período como delegado em Jangada, ele se lembra de uma das investigações que apurou o uso de maquinário público em obra particular e levou à prisão, em 2017, o ex-prefeito do município, um secretário e dois servidores municipais. A denúncia trazida pelo Ministério Público de Rosário oeste informava que um curtume localizado em Acorizal estaria utilizando irregularmente uma pá-carregadeira e a patrol da Prefeitura de Jangada, prejudicando obras em benefícios dos moradores do município. A Polícia Civil confirmou que as máquinas estavam sendo desviadas para o uso particular e as quatro pessoas presas responderam por apropriação de bens públicos e desvio em proveito próprio ou alheio.

Em maio de 2018, o delegado Walter de Melo assumiu coordenação dos Plantões Metropolitanos, que engloba as Centrais de Flagrantes de Cuiabá, a de Várzea Grande e o Plantão 24h de Atendimento a Vítimas de Violência Doméstica e Sexual na Capital. São unidades de fluxo intenso de pessoas e movimentação constante de conduzidos. A coordenação dos plantões durante o inicio e auge da pandemia do coronavírus foi para Walter o período mais marcante e desafiador.

“Exigiu-me integral dedicação coordenar o Plantão Metropolitano nos momentos mais difíceis, e de maiores baixas de efetivo, durante a pandemia no ano de 2020. Me entreguei por completo à Polícia Civil naqueles meses, foi o tempo mais intenso de trabalho que tive em minha vida. Mas, graças a Deus, conseguimos passar por aquele turbilhão”, destaca o delegado.

A partir de outubro do ano passado, Walter assumiu a titularidade da Defaz, unidade que integra a Diretoria de Atividades Especiais e é responsável por investigações que envolvam ilícitos fazendários.

Em sua avaliação, os próximos desafios para a instituição é preparar seu modelo de trabalho, e atuais quadros, para receber e melhor aproveitar as futuras gerações de policiais civis, uma vez que a mudança comportamental e de valores nos mais novos é algo marcante.

“Será necessário que a PJC tenha um olhar holístico sobre os próximos admitidos, no sentido de conciliá-los com nossos valores. Teremos que compreender, em nível institucional, qual a melhor maneira de formá-los e utilizar suas potencialidades em nossas atividades. E também como ‘forjar’ nos  novatos  os traços e características intrínsecas do policial clássico, a fim de mantermos nossa identidade em meio a uma modernidade líquida”, conclui Walter, citando um conceito desenvolvido pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman, que estudou a pós-modernidade, sobre o comportamento que ficou evidente a partir da década de 60, em que as relações sociais, econômicas e de produção se tornaram frágeis, fugazes e maleáveis e sobrepostas às relações sociais e humanas, abrindo espaço para que cada vez mais houvesse uma fragilidade de laço entre pessoas e de pessoas com instituições.

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