Laudo da Polícia Federal divulgado nesta sexta-feira (23) indicou que houve destruição de dados em sistemas da Odebrecht. Peritos do órgão analisaram os sistemas Drousys e MyWebDay a pedido do juiz Sergio Moro.
A destruição dos dados, segundo o laudo, ocorreu em 22 de junho de 2015, três dias após a prisão de Marcelo Odebrecht na 14ª fase da Operação Lava Jato. Os peritos relatam que foi utilizado um comando cuja principal função é sobrescrever arquivos com dados aleatórios, destruindo o conteúdo original.
Os peritos definem o Drousys como um sistema destinado ao armazenamento e edição de arquivos, acesso à internet e recursos de comunicação, entre outros.
Já o MyWebDay era utilizado pelo departamento de propinas da empreiteira no gerenciamento de dados contábeis e financeiros.
O documento foi anexado ao processo em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é acusado de ter favorecido a empreiteira em troca de favores, como a compra de um lote para o Instituto Lula.O laudo indicou que o codinome “Beluga” foi utilizado na contabilidade paralela da empresa com a função de controlar gastos relativos ao imóvel objeto da ação penal.
Entre os beneficiários físicos do codinome está a DAG Construtora, apontada como laranja na compra do terreno para o instituto.
Outro beneficiário é o empresário Glaucos da Costamarques, réu no processo e suposto laranja na compra do apartamento vizinho ao de Lula em São Bernardo do Campo (SP). O escritório de advocacia de Roberto Teixeira, amigo do ex-presidente, também teria recebido repasses.
Com a apresentação do documento da PF, os advogados das partes podem solicitar a Moro que mais testemunhas sejam ouvidas ou que o material seja submetido a nova perícia para sanar dúvidas.
Sobre a autenticidade dos arquivos eletrônicos entregues pela Odebrecht ao Ministério Público Federal, o laudo diz que, dos 1.912.667 arquivos, só 842, ou 0,043%, apresentam não conformidades.
Como noticiou a Folha de S.Paulo, Marcelo Odebrecht disse em depoimento sigiloso que pediu para seu cunhado e vice-presidente do grupo, Maurício Ferro, dar fim ao departamento de propinas.
OUTRO LADO
Em nota, a defesa de Lula afirma que a perícia não estabeleceu qualquer vínculo entre contratos da Petrobras e os imóveis citados da denúncia e que não indicou pagamentos indevidos ao petista.
Diz ainda que Lula nunca solicitou ou recebeu da Odebrecht suposto terreno destinado ao instituto ou o apartamento vizinho ao seu, que, segundo a defesa, era alugado por ele. Procurada, a Odebrecht não se manifestou. Com informações da Folhapress.